(FOLHAPRESS) – Nas últimas semanas, parece que os dois estão em todos os lugares. Ou, pelo menos, nos principais programas de entrevistas das TVs norte-americana e britânica. Um cantor de 79 anos e um pianista de 67 disparando uma blitz midiática para lançar “Swing Fever”, um álbum incomum.
Os britânicos Rod Stewart e Jools Holland são figuras incontornáveis no rock, O primeiro é um dos cantores mais bem-sucedidos da história, dono de um caminhão de hits. O segundo apresenta há mais de 30 anos na BBC o programa de TV “Later… with Jools Holland”, cujo palco é objeto de desejo de todos os astros pop.
Holland foi tecladista da banda roqueira Squeeze por 16 anos. A fama de pesquisador musical, um inegável carisma e muitas amizades na cena britânica o levaram a criar o programa. Todos os convidados tocam ao vivo, e o apresentador volta e meia se senta ao piano para tocar com eles.
Depois de 19 álbuns gravados com rock e pop, Rod Stewart lançou entre 2002 e 2010 cinco discos que formaram a série “The Great American Songbook”. Eles reuniram uma seleção de músicas populares nos Estados Unidos nos anos que antecederam o surgimento do rock, notadamente nas décadas de 1940 e 1950.
O repertório contemplou compositores geniais como Cole Porter e os irmãos George e Ira Gershwin. Esses lançamentos levaram Stewart novamente ao topo das paradas e, além de alcançarem números de vendas semelhantes ao de seu auge roqueiro, nos anos 1970, conquistou um grupo de ouvintes mais maduros.
Nessa nova proposta com o parceiro, talvez ele alcance um pouco de cada geração de seu público. Seria fácil classificar “Swing Fever” como um disco nostálgico, mas as escolhas da dupla recaem sobre canções ágeis, dançantes. As apresentações feitas por eles até agora foram shows de surpresa em estações de trem e grandes lojas, atraindo também gente bem jovem.
E essa garotada ouviu canções memoráveis compostas entre 1912 e 1951, grandes sucessos nos musicais da Broadway e, muitas vezes, levadas ao cinema. Não por acaso, o álbum abre com “Lullaby of Broadway”, canção escrita por Harry Warren e Al Dubin em 1935 que celebra a vida noturna em torno da grande avenida dos teatros em Nova York.
Parece que Stewart e Holland gostam muito de Bing Crosby, ou talvez seja só coincidência que o disco tenha sete faixas que foram gravadas pelo maior cantor americano antes da aparição de Frank Sinatra. Entre essas canções, destaque para “Love Is the Sweetest Thing”, que deve ter significado especial para a dupla britânica: ela foi escrita e gravada pelo inglês Ray Noble, que atravessou o Atlântico para conquistar com ela as plateias americanas.
O repertório tem clássicos obrigatórios, como “Pennies from Heaven”, cantada por Crosby no filme de mesmo nome e também gravada por estrelas supremas como Billie Holiday, Doris Day e Tony Bennett. Há outra música que é referência absoluta, “Them There Eyes”, inicialmente gravada por Louis Armstrong, mas elevada a hit mundial com Billie Holiday.
Uma curiosidade é “Night Train”, música instrumental que começou a ser tocada por muitas bandas a partir de 1941. Na década seguinte, ela ganhou letras variadas, desde versos românticos a brincadeiras com nomes de cidades num itinerário ferroviário. Ela chegou a ter uma versão pesada com James Brown.
Os fãs mais roqueiros de Stewart e Holland devem prestar atenção em “Good Rockin’ Tonight”, um blues dançante gravado em 1947 por Roy Brown, num single que costuma ser tratado como parte da pré-história do rock. A aproximação com o gênero vai além do título, já que teve regravações, entre outras, de Elvis Presley, Bruce Springsteen, Paul McCartney e The Doors.
Sobrou espaço para country music, com “Tennessee Waltz”, criada em 1946 por Redd Stewart (ops!!!) e Pee Wee King. Gravada em single nos anos 1950 pela musa dos caubóis Patti Page, alcançou a marca de cinco milhões de cópias vendidas, um número absurdo para aquele período.
Com tantas histórias por trás das canções, é importante dizer que Rod Stewart e Jools Holland apresentam regravações impecáveis. Os arranjos do pianista dão apoio à voz rouca do cantor, que a princípio poderia ter dificuldade em alcançar boas performances em uma ou outra canção. Mas tudo se encaixa muito bem
“Swing Fever” é uma amostra de algumas das canções mais incríveis já compostas no mundo. E, acima de tudo, um álbum empolgante e divertido.
SWING FEVER
Avaliação Ótimo
Quando 23 de novembro
Onde Nas plataformas digitais
Autoria Rod Stewart e Jools Holland
Gravadora Rhino Entertainment
THALES DE MENEZES / Folhapress