SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O baixo nível de investimento no Brasil é um fator de preocupação e atenção para o país, afirma Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central.
“[O Brasil] tem uma taxa de investimento relativamente baixa há um prazo já considerável, quando olhamos para uma série histórica, e esse é um ponto de preocupação”, afirmou o economista em evento da Câmara Espanhola de Comércio, em São Paulo, nesta quinta-feira (22).
Segundo dados do Santander, o indicador de formação bruta de capital fixo em relação ao PIB caiu nos últimos anos para 17%. Ou seja, apenas 17% da riqueza produzida no Brasil é reinvestida.
Para Galípolo, a queda pode estar associada à incerteza quanto à política monetária nacional e internacional. No entanto, o Brasil estaria em uma posição privilegiada junto aos pares para aumentar a taxa de investimento.
“A questão geopolítica, com o nearshoring, pode nos beneficiar, especialmente com as nossas vantagens competitivas do ponto de vista de proteção ecológica, com uma matriz energética mais limpa”, afirmou.
Diante das tensões geopolíticas atuais, Galípolo também vê potencial que o Brasil impulsione uma “reglobalização”, dado o seu tamanho.
“O que acontece com o pós-guerra é o que está gerando os efeitos com repercussões, me parece, estruturais, que podem ser mais duradouras”, disse o diretor do BC, mencionando a inflação.
Segundo ele, elementos geopolíticos ganharam mais relevância para a dinâmica dos preços. Dessa forma, seria necessária a reglobalização, que não acentuasse protecionismos que tendem a elevar a inflação.
Para Galípolo, a comunicação do Banco Central nas decisões de política monetária tem sido fundamental para situar o investidor neste cenário de tensões geopolíticas.
“As palavras serenidade e parcimônia [presentes nos comunicados] são formas de sermos muito humildes neste momento, de não ter reações muito emocionadas por esse tipo de volatilidade que a gente tem que enxergar nos dados.”
JÚLIA MOURA / Folhapress