Uma das grandes discussões entre cientistas e pesquisadores é sobre o conceito de multitarefa e da nossa atenção. E o mundo moderno faz com que ser multitarefa pareça ser o único recurso para atender demandas, entregas, redes sociais, aplicativos e dar conta também da alta produtividade. Ao mesmo tempo, isso também está relacionado aos números de depressão, ansiedade e Burnout.
Em entrevista à Novabrasil, a neurocientista e colunista Carla Tieppo afirmou que “quando buscamos realizar muitas tarefas ao mesmo tempo, somos obrigados a usar o sistema automático para algumas funções e o sistema consciente para outra função”. O sistema consciente tem dificuldade de atender duas tarefas ao mesmo tempo, mas é possível utilizar a chamada atenção dividida.
Segundo Carla, um bom exemplo é a condução de um carro. Muitas vezes, dirigimos no sistema automático e prestamos atenção numa troca de emissora ou de música no rádio do veículo. ”O problema é que o modo automático só funciona se não tiver nenhuma intempérie, nada de diferente”, diz a neurocientista. Se um animal cruzar a frente do carro, será necessário um movimento rápido e que será mais difícil de ser executado, caso sua atenção esteja em outro ponto e a direção no automático.
Carla Tieppo ressalta que nem sempre é possível ativar os mecanismos cerebrais que respondem ao inesperado e, consequentemente, fazer a transição do automático para o consciente. Para ela, “ é aí que está a ilusão da multitarefa. Nós pensamos estar fazendo várias coisas ao mesmo tempo, mas, no fundo, nossa atenção está em apenas uma”.
A colunista lembra ainda que, culturalmente, as mulheres são mais exigidas para ter mais tarefas simultâneas. Mas, esse treino para ter a confiança de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, não é uma característica cerebral. Portanto, é possível executar a multitarefa, mas a qualidade das suas ações ficará prejudicada.
