Motorista de ônibus do Fortaleza detalha ataque

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Motorista do ônibus do Fortaleza no jogo contra o Sport, Amaro Santos Filho detalhou o ataque que deixou seis jogadores feridos. O episódio aconteceu na última quarta-feira (21), após jogo pela Copa do Nordeste.

“Sentimento de impotência e de revolta, porque isso não pode continuar assim, tem que ter um basta. Aquilo ali eu não considero torcida, não. Tem que ser banido isso aí, tem que ter uma lei mais rígida para acabar com isso, porque vai continuar. […] E se morrer um dia um jogador? Um motorista morrer num volante daquele ali, deitar um carro desse, eu acho que o transtorno é bem maior”, disse Amaro Santos Filho, em entrevista ao Fantástico, programa da Globo.

O QUE ACONTECEU

O motorista explicou que cerca de 100 pessoas estavam aguardando a delegação do Fortaleza. Dois ônibus estavam parados no acostamento.

Amaro tentou “jogar o carro” para cima do grupo e acelerou para tentar escapar do ataque. Mesmo assim, o ônibus foi atingido.

No primeiro momento, ele não teve dimensão do ataque. Amaro sabia apenas que um jogador tinha sido atingido na cabeça.

O motorista não quer mais transportar times de futebol: “Eu não vou arriscar minha vida mais”.

VEJA O QUE FOI DITO

‘É terrorismo’: “Isso, para mim, é terrorismo. Durante 8 anos, a gente trabalha transportando, fazendo fretamento, fazendo turismo e transportando time de futebol. Todos os times que transportei nunca tinha acontecido isso. Foi a primeira vez e espero que a última”.

Grupo esperou a passagem da delegação: “Tinham dois ônibus parados no acostamento e, acho que numa faixa de 100 pessoas do lado de fora. A maioria com pedras e algum artefato que eu não sei dizer o que era. Quando eu me aproximei, na faixa dos 40km, 50 km por hora, foram todos para frente do carro, então, eu projetei o carro indo pra cima deles. Eles se afastaram e eu acelerei o carro. Foi justamente o impacto na lateral do carro. Jogaram pedra e bomba. Acho que bomba caseira”.

Ida para o hospital e jogador na UTI: “Procurei fazer meu trabalho normalmente. Conduzi até o primeiro hospital, que foi o São Marcos, que não pôde atender. Acho que não tinha emergência na hora. Então, a escolta nos conduziu até o Maria Lucinda. Lá teve um jogador que já entrou na UTI. O que levou a pedrada na cabeça, Escobar. O restante foi pro Hospital Português”.

Estado dos jogadores: “Quando eu vi o Escobar descendo do carro, carregado por dois jogadores, ele vinha tremendo, o maxilar dele vinha tremendo muito, cheio de artefato, de vidro, cheio de pólvora… Muito grave. Eu achei que ele não fosse sair dali do hospital nem tão cedo”.

Revolta do Fortaleza: “Todos revoltados. Todos falando que foi fulano, foi sicrano, foi torcida assim, não foi. Eu não posso me envolver, mas a revolta era muito grande dos jogadores. Disseram que não vinham mais a Recife, jogar, enquanto continuasse assim. E eu concordo com eles. Vai arriscar a vida? Tô ali trabalhando, vou arriscar minha vida?”.

Medo de transportar times de futebol novamente: “Eu não vou arriscar minha vida mais, porque ali foi a mão de Deus que me tirou, porque já pensou se uma pedra daquela eu na, com um carro desse em cima de quarenta, cinquenta quilômetros (por hora), uma pedra me atinge? Será que eu conseguiria segurar o carro? […] Eu sempre transporto o time do Santa Cruz e nesta segunda-feira (26) (na última sexta, viagem de 135km de Recife a Caruaru) eu recusei. nesta segunda-feira (26) eu pedi pra não ir, foi outro colega nosso”.

‘Lembrar de tudo’: “Quando você tá dirigindo ali, quando você vê aquela escolta na sua frente, você vai lembrar tudo. Vai relembrar tudo, e pense numa situação que eu não quero recordar. Prefiro esquecer”.

Redação / Folhapress

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