SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Faz quase dois anos que o uso de máscaras deixou de ser obrigatório em todo o país. De lá para cá, apesar da queda no número de casos de Covid-19, novas variantes do vírus têm causado oscilações no sistema de saúde.
Autotestes desaparecendo das prateleiras de farmácias e hospitais registrando aumento na procura por atendimento médico são alguns dos indicativos de alerta.
Apesar da preocupação, uma coisa é clara: os números de casos são bem diferentes se comparados ao do período em que ainda não havia imunização para a doença.
Segundo Thaís Guimarães, infectologista e coordenadora do núcleo de infecção hospitalar da USP (Universidade de São Paulo), isso acontece porque a vacina não evita o contágio, mas protege contra casos mais graves. “Por isso é recomendado que o esquema vacinal esteja em dia”, explica.
Até o momento, o Ministério da Saúde, que recomenda a vacinação a partir dos seis meses de vida, registra 196.463 casos e 1.127 óbitos de Covid-19 em 2024.
As maiores taxas da doença, estão nos estados de Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Rondônia e Distrito Federal, com variação entre 55,5 e 166,9 casos a cada 100 mil habitantes. O órgão ainda afirma que, após festas como Carnaval, é comum ver o aumento de determinadas doenças virais.
Embora o uso não seja obrigatório, órgãos de saúde e especialistas, indicam o uso da máscara contra a exposição e propagação do coronavírus, principalmente, após aumentos como o registrado.
Veja quais são as principais dicas e recomendações.
*
EM QUAIS AMBIENTES DEVO USAR MÁSCARA?
O Ministério da Saúde, por meio de nota, recomenda que a população reforce a utilização das máscaras em ambientes de maior risco, como são os casos de hospitais e demais locais de atendimento à saúde.
Porém, para além do uso em ambulatórios, o professor da Universidade de Vermount (EUA) e membro do Observatório Covid-19, Vitor Mori, indica que o item seja utilizado também em locais fechados e com pouca ventilação.
“O vírus é transmitido pelo ar, através da inalação de pequenas partículas chamadas aerossóis. Então locais com muita gente e má circulação do ar representam risco, como aviões, transportes públicos e sala com muitas pessoas”, explica Mori.
Responsável pela regulação de espaços de portos, aeroportos, embarcações e aeronaves, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que, atualmente, não possuí determinação para o uso de máscaras.
QUEM DEVE USAR A PROTEÇÃO?
Idosos acima de 70 anos, pacientes imunodeprimidos ou que estejam em tratamento com quimioterapia ou radioterapia e tendem a ter um quadro grave de Covid caso contraiam a doença, devem utilizar a máscara com uma maior frequência, segundo Thaís Guimarães.
A especialista também alerta para a testagem daqueles que apresentem qualquer sintoma respiratório. “E, no caminho até o local onde o exame será realizado, é necessário ainda o uso de máscara para prevenir uma possível transmissão para outras pessoas”, complementa.
Aqueles que pretendem se proteger um pouco mais para determinada situação, também podem optar pela proteção. “Se você tem um compromisso e não pode ficar doente, talvez valha a pena considerar se proteger um pouco mais na semana que precede esse evento”, indica Mori.
O uso também é recomendado para quem visita ou convive com aqueles que possuem uma maior pré-disposição para contrair a forma grave da doença.
O Ministério da Saúde reitera que a vacinação é melhor forma de proteção contra a Covid. A pasta recomenda ainda que seja feita a regularização do esquema vacinal daqueles com doses em atraso.
QUAIS MÁSCARAS USAR?
O Ministério da Saúde e os especialistas são unânimes, os modelos mais indicados são aqueles com uma boa capacidade filtrante, como a PFF2 ou a KN95. Este último, porém, merece atenção redobrada pelo nome, que pode ser confundido com a N95.
“[A N95] Possui bastante falsificação. O ideal é estar sempre atento ao selo do Inmetro”, informa Mori.
Tanto a PFF2 quanto a KN95 podem ser reutilizadas e descartadas, somente, quando os elásticos afrouxarem, atrapalhando a vedação. O indicado é que não sejam utilizados produtos como álcool e água para a higienização destes modelos.
As máscaras cirúgicas, que se tornaram populares e de fácil acesso, devem ser utilizadas uma vez, apenas, e descartadas após o uso. Elas ainda precisam de atenção à vedação correta. O indicado é não fazer “dobras” nos elásticos que vão na orelha para não criar vãos nas laterais, que diminuem a capacidade de contenção e aumentam a emissão de partículas.
Os modelos de tecido não são recomendados.
ANDREZA DE OLIVEIRA / Folhapress