CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Mais de 11 mil pessoas já foram afetadas pelas inundações no Acre causadas pela elevação dos níveis de água em rios e igarapés. Fortes chuvas atingem o estado desde a semana passada.
São 5.402 pessoas desabrigadas e 5.720 desalojadas, ou seja, que foram para casa de familiares ou amigos. Segundo o governo do Acre, há 58 abrigos públicos em funcionamento nas dez cidades mais críticas.
Portaria publicada nesta segunda-feira (26) no Diário Oficial da União pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil reconhece a situação de emergência em 17 dos 22 municípios do estado.
São eles: Assis Brasil, Brasileia, Capixaba, Cruzeiro do Sul, Epitaciolândia, Feijó, Jordão, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Plácido de Castro, Porto Acre, Porto Walter, Santa Rosa do Purus, Sena Madureira, Tarauacá e Xapuri, além da capital Rio Branco.
Territórios indígenas também estão sendo atingidos pela cheia e, segundo o governo estadual, a maior preocupação é com povos isolados em Marechal Thaumaturgo, Feijó, Santa Rosa do Purus, Jordão e Assis Brasil.
O município de Jordão, com pouco mais de 9.000 habitantes, tem uma das situações mais críticas no estado, com 80% da população atingida pelas águas do rio Tarauacá.
A prefeitura de Jordão diz que a quantidade de chuva ultrapassou os 100 mm entre os dias 22 e 24 de fevereiro, gerando a elevação abrupta do nível do rio. A cota de transbordamento do rio Tarauacá na cidade é de 7,50 metros, e ele já chegou a 9,55 metros.
Patrimônio histórico e cultural, a Casa de Chico Mendes, em Xapuri, também foi atingida pelas inundações. Móveis e objetos começaram a ser retirados com apoio do Corpo de Bombeiros na segunda-feira, de acordo com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
Segundo a pasta, a casa já foi atingida em outras enchentes. Em 2015, ficou quase toda submersa. No ano passado, a água dentro do imóvel chegou a um metro.
No boletim de segunda-feira divulgado pela prefeitura de Xapuri, o rio Acre chegou a 14,52 metros, ultrapassando a cota de transbordamento (13,40 metros).
Na capital Rio Branco, o rio Acre chegou a 16,20 metros na manhã desta terça-feira (27), de acordo com boletim divulgado pelo governo estadual. A cota de transbordamento é de 14 metros.
O reconhecimento da situação de emergência permite que as cidades solicitem recursos junto ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional para ações de assistência humanitária, como compra de alimentos, água potável e combustível.
Também é possível pedir dinheiro para restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução de infraestrutura ou moradias destruídas ou danificadas.
Segundo o ministério, a liberação do dinheiro ocorre logo após a apresentação de planos de trabalho por parte das prefeituras.
Segundo o Cigma (Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental), a previsão é de sol entre muitas nuvens em todo o Acre nesta terça-feira (27).
“O tempo abafado favorece a organização de nuvens carregadas que provocam pancadas de chuva com trovoadas entre a tarde e à noite em todas as regiões”, informa o Cigma.
CATARINA SCORTECCI / Folhapress