PORTO LUÍS, ILHAS MAURÍCIO (FOLHAPRESS) – O paraíso às vezes se torna um pesadelo, ou uma bênção. Nós, viajantes não acostumados à dinâmica peculiar dos cruzeiros, fomos surpreendidos na chegada a Pointe aux Piments, um vilarejo de mar azul turquesa, montanhas verdejantes e sol escaldante, nas Ilhas Maurício, um pedregulho no meio do oceano Índico, na costa da África, com a notícia de que o navio que nos levaria adiante não podia atracar no porto.
Um surto de gastroenterite entre alguns passageiros, que a empresa de cruzeiros Norwegian Cruise Line chamou de pequeno grupo com leves sintomas, causou o sequestro do navio por dois dias à beira da ilha. Quem estava a bordo, segundo relatos à imprensa, entrou em pânico.
O principal motivo era não poder desembarcar apesar da praia paradisíaca a metros de distância e o maior motivo ainda a suspeita de cólera a bordo, logo desmentida por uma série de testes em todos os passageiros adoentados, de acordo com relatos da empresa responsável, em comunicado à imprensa.
Os que já estavam em terra firme aproveitaram o mar tranquilo lambendo a costa de conchas e corais, bem à vontade com o cardápio riquíssimo em frutos do mar, afinal, cá estamos numa ilha.
O Norwegian Dawn, navio construído na virada do milênio com 14 andares e capacidade para quase 2.500 passageiros servidos por mais de mil tripulantes, estava pronto para zarpar de Porto Luís na tarde desta terça-feira, com mudanças no itinerário duas das paradas, em Madagascar, foram canceladas.
A empresa responsável pelo cruzeiro reservou 2.000 quartos de hotel nas Ilhas Maurício para acomodar os passageiros que precisaram desembarcar por causa da limpeza a bordo e os casos de gastroenterite.
Uma tripulante do navio, a ponto de partir de Porto Luís, resumiu o problema a europeus não acostumados ao que chamou de águas não civilizadas. Segundo ela, a África como um todo não é confiável em relação à disponibilidade de água potável, e os casos de contaminação aconteceram em terra, não a bordo, por passageiros que teriam consumido demais bebidas com gelo, comidas cruas e água suspeita no continente.
SILAS MARTÍ / Folhapress