SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Esperança brasileira de medalha nos Jogos Olímpicos de Paris, os principais skatistas brasileiros chegam nesta semana à última etapa da primeira janela classificatória do skate para as Olimpíadas.
A competição em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, começa nesta quarta-feira (28), com transmissão a partir da fase semifinal pelo site Olympics.com. Será a primeira disputa que conta pontos para a corrida olímpica depois de a CBSk (Confederação Brasileira de Skateboarding) retomar o gerenciamento da modalidade em meio a uma disputa com a CBHP (Confederação Brasileira de Hóquei e Patins).
O Pro Tour de Dubai terá disputas na categoria park (em que os competidores percorrem uma pista em formato de tigela, com obstáculos que dão velocidade e impulso) entre 28 de fevereiro e 3 de março, enquanto a competição da modalidade street (similar a um ambiente urbano, com escadas, corrimãos e desníveis) vai de 6 a 9 de março.
Ao término da competição, os 44 melhores skatistas de cada um dos rankings mundiais (park e street, masculino e feminino) avançam para a segunda e última janela de classificação.
As duas etapas da pernada final serão realizadas em Shangai (de 16 a 19 de maio) e Budapeste (de 20 a 23 de junho). Finalizadas as competições, os skatistas que, em 24 de junho, estiverem entre os 20 primeiros em cada um dos rankings, considerando também os pontos trazidos das fases anteriores, estarão garantidos em Tóquio.
O Brasil terá 33 atletas em Dubai. Entre os principais destaques da delegação estão os três medalhistas de prata em Tóquio-2020: Rayssa Leal (street feminino), Pedro Barros (park masculino) e Kelvin Hoefler (street masculino).
Indicada nesta semana ao prêmio Laureus de melhor atleta de esportes de ação do ano, ao lado do surfista Filipe Toledo, Rayssa Leal chega à competição credenciada por conquistas importantes nos últimos meses.
Em 2023, aos 15 anos –ela fez 16 no dia 4 de janeiro–, a maranhense do município de Imperatriz conquistou o ouro no Campeonato Mundial de Skate em Sharjah, nos Emirados Árabes, além de ter levantado pela segunda vez a taça de campeã dos X Games em Chiba, no Japão. A skatista brasileira também ganhou o ouro na primeira participação da modalidade nos Jogos Pan-Americanos, em outubro, e, uma semana depois, venceu o STU Open, no Rio de Janeiro.
No masculino, o medalhista olímpico Pedro Barros, 28, é um dos favoritos para ficar com uma das vagas em Paris-2024. Ele acumula quatro medalhas em mundiais, incluindo uma de ouro em 2018, e dez pódios (sendo seis ouros) nos X Games.
Os dois atletas chegam à competição em Dubai reconfortados por uma decisão da CAS (Corte Arbitral do Esporte) que devolveu à CBSk o gerenciamento da modalidade.
Em janeiro, a confederação brasileira de skate havia sido desfiliada da World Skate, a federação internacional, após a CBSk e a CBHP não chegarem a um acordo sobre qual entidade representaria o esporte nas Olimpíadas.
Nesta terça-feira (27), a CAS emitiu decisão cautelar revogando a desfiliação da CBSk. Segundo a confederação, a corte considerou que a desfiliação, neste momento, seria muito prejudicial dentro do trabalho que envolve a preparação olímpica. “Assim, a CBSk retoma o gerenciamento da modalidade e permanece filiada até a decisão final do processo.”
Rayssa Leal e Pedro Barros foram duas das principais vozes do esporte que se posicionaram em defesa da CBSk e contra a confederação de hóquei e patins assumir a gestão do skate brasileiro.
“Os eventos que tiveram e os treinos que prepararam a gente para ganhar três medalhas para o Brasil [em Tóquio-2020], foram realizados por uma federação que entende da nossa cultura, que entende de skateboard. Uma federação de skate de verdade”, publicou Rayssa Leal nas redes sociais.
“O skateboarding é uma família! Assim como qualquer família temos problemas, falhas e melhorias que precisam ser feitas para encontrarmos mais harmonia! Que seja entre a família e não através de uma cultura de fora”, endossou Pedro Barros também por meio das redes sociais.
“A decisão do CAS recoloca a modalidade sob a gestão de quem tem legitimidade e conhecimento técnico para administrá-la. São mais de 25 colaboradores atuando diariamente. Agora, a gente volta a respirar e focar na preparação para as Olimpíadas de Paris”, diz Eduardo Musa, presidente da CBSk.
Ele acrescenta que, apesar da indefinição sobre o gerenciamento do skate no país até a decisão da CAS desta terça-feira, a CBSk enviou para Dubai junto com os atletas brasileiros a comissão técnica completa da confederação com dez profissionais.
“Não poderíamos deixar os atletas sem essa estrutura tão importante. Tenho certeza que esse apoio será fundamental para mais uma grande participação do Brasil em um evento da corrida olímpica”, afirma Musa.
Além dos principais atletas da seleção, a delegação brasileira conta também com representantes da seleção júnior. É o caso do curitibano Guilherme Khury, 15, que venceu no ano passado a etapa de São Paulo do campeonato brasileiro de skate vertical.
“Participar das Olimpíadas é um sonho que sempre vou correr atrás. No momento que o skate entrou nos Jogos passei a ter isso como objetivo e sonho”, afirma Khury. “Sei que sou um dos mais novos na disputa e o nível está alto, mas a cada ano que passa estou evoluindo”, acrescenta a promessa do skate brasileiro.
LUCAS BOMBANA / Folhapress