Lucro da Caixa sobe 20% no primeiro ano de Lula e atinge R$ 11,7 bi

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Caixa Econômica Federal encerrou 2023, primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com lucro líquido contábil de R$ 11,7 bilhões, alta de 20% na comparação com o ano anterior, quando o banco estatal registrou desempenho positivo de R$ 9,8 bilhões.

Segundo relatório de resultados trimestrais da Caixa divulgado nesta terça-feira (27), eventos não recorrentes influenciaram positivamente o resultado em R$ 1,1 bilhão.

Os destaques de crescimento na comparação anual foram as receitas da carteira imobiliária, com 17% de alta; agronegócio, com aumento de 92,4%; comercial pessoa física, com crescimento de 17,8%; e o comercial pessoa jurídica, com crescimento de 30,8%, segundo o banco.

Apenas no quarto trimestre do ano passado, o lucro líquido recorrente da Caixa foi de R$ 2,9 bilhões, 40,5% acima do registrado em igual período de 2022, mas com recuo de 11,5% ante o trimestre imediatamente anterior.

Contando eventos extraordinários, o lucro líquido contábil no quarto trimestre foi de R$ 4 bilhões, alta de 82,7% na comparação anual e de 22,7% trimestre a trimestre.

A margem financeira, que é a diferença entre receita e despesas com serviços financeiros, ficou em R$ 60,8 bilhões, 19,5% acima do registrado no ano anterior. De outubro a dezembro, esse desempenho foi de R$ 17,5 bilhões, 20,7% superior ao mesmo período de 2022.

As receitas com prestação de serviços e tarifas alcançaram R$ 25,8 bilhões no ano todo, aumento de 2,8% na comparação anual. Apenas no quarto trimestre, essa métrica totalizou R$ 6,7 bilhões, aumento de 3,9% ante o mesmo período do ano anterior.

O resultado nos três últimos meses do ano foi impactado principalmente pelo aumento de 13,7% em receitas de serviços decorrentes de crédito, 22,4% com seguros, 4,2% em conta-corrente e tarifas bancárias, 6,8% em cartões e 0,7% em serviços de governo.

Já o ROE contábil da Caixa, medida de rentabilidade que mostra o retorno sobre o patrimônio líquido da empresa, fechou dezembro em 9,35%, alta de 1 ponto percentual ante 2022.

A carteira de crédito da Caixa avançou 10,6% em 2023 ante 2022, encerrando dezembro com saldo de R$ 1,1 trilhão. A empresa fechou o ano com um total de 152,5 milhões de clientes, sendo 150,5 milhões de pessoas físicas e 1,9 milhões de pessoas jurídicas, métrica 1,2% acima do observado no ano anterior.

Houve recorde na concessão total de crédito no acumulado de 2023, totalizando R$ 544,3 bilhões, 6,8% superior ao ano de 2022.

Dentro da carteira do banco estatal, o crédito imobiliário foi o mais representativo, totalizando 65,5% dos créditos concedidos pelo banco e com um saldo de R$ 733,3 bilhões.

Desse montante, R$ 422,6 bilhões foram concedidos com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), crescimento de 14,4% na base anual, e R$ 310,6 bilhões pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, alta de 14,8% na comparação ano a ano.

Em 2023, as contratações no crédito imobiliário também foram recordes, alcançando R$ 185,4 bilhões, 13,0% superior ao ano de 2022.

A Caixa abocanhou até dezembro do ano passado uma fatia de 67,3% do total do crédito no mercado imobiliário em 2023, um aumento de 1,1 ponto percentuais em relação ao ano anterior. O banco estatal também foi o principal financiador dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, com 98,9% de participação de mercado.

As operações de infraestrutura, que foram turbinadas no primeiro ano do terceiro mandato de Lula e inseridas nas prioridades das estratégias da Caixa, alcançaram saldo de R$ 98,4 bilhões no quarto trimestre de 2023, alta de 1,2% frente ao mesmo período de 2022.

No agronegócio, o saldo da carteira atingiu R$ 56,2 bilhões no quarto trimestre, aumento de 27,3% em relação ao ano anterior.

Já o crédito consignado fechou o ano representando 76,7% do crédito comercial concedido a pessoas físicas, com saldo de R$ 103,2 bilhões. A participação de mercado da Caixa nesse segmento de crédito fechou 2023 atingindo 16,6%.

No quesito qualidade de crédito, a Caixa fechou 2023 com taxa de inadimplência total, ou seja parcela de clientes em atraso por 90 dias ou mais, de 2,16%, praticamente estável, com alta de 0,06 ponto percentual em relação ao ano anterior.

Entre as pessoas físicas, a taxa de atrasos ficou em 4,4%, aumento de 0,89 p.p. em 12 meses. Entre as pessoas jurídicas, o índice ficou em 6,94%, alta de 3,08 ponto percentual na comparação anual.

Nesse cenário, a provisão para créditos de liquidação duvidosa, que é o colchão que o banco reserva para casos de calotes, somou R$ 18,7 bilhões no acumulado de 2023, salto de 19,7% na comparação anual.

As despesas administrativas somaram R$ 41,5 bilhões em 2023, um aumento de 7,6% em relação a 2022, influenciadas pelo aumento de 9,5% nas despesas de pessoal.

RAIO-X DA CAIXA NO 4º TRI DE 2023

Fundação: 1861

Lucro líquido no 4º trimestre de 2023: R$ 11,7 bilhões

Agências: 3.371

Funcionários: 94.097

Principais concorrentes: Bradesco, Santander, Banco do Brasil, Itaú

STÉFANIE RIGAMONTI / Folhapress

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