SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O resultado da primeira pesquisa Datafolha de 2024 para a Prefeitura de São Paulo, em que Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) aparecem empatados, foi comemorado pelo prefeito e atribuído pela equipe do deputado psolista à máquina de propaganda da gestão.
Nos três cenários possíveis, há um empate técnico, considerando a margem de erro de três pontos para mais ou para menos. Boulos e Nunes aparecem na liderança, isolados dos demais candidatos, com, respectivamente, 30% a 29%, ou 29% a 30% ou ambos com 33%.
Os dados da pesquisa desta segunda-feira (11) mostram que Nunes ganhou terreno ele aparecia em segundo lugar na pesquisa anterior, de agosto de 2023, com 24%, embora os dois levantamentos não sejam diretamente comparáveis por terem pré-candidatos distintos.
A equipe do prefeito considerou os números positivos. Aliados do emedebista apontam que o aumento na intenção de votos se deve a entregas da prefeitura afinal, a avaliação da gestão Nunes também melhorou, com 29% de aprovação ante 23% em agosto.
Outro fator apontado por interlocutores de Nunes é o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se consolidou em janeiro. Na opinião deles, o prefeito pode ter somado os seus eleitores e os de Ricardo Salles (PL), que seria o candidato bolsonarista, mas não teve como lançar seu nome depois de Bolsonaro optar pela aliança com Nunes.
Aliados do prefeito observam, no entanto, que 18% dos que se declaram petistas preferem Nunes, o que o impede de caminhar para uma bolsonarização total. Nunes tem feito questão de ressaltar que, durante a pandemia, São Paulo foi a capital da vacina e que não faltaram leitos ou insumos, num contraponto claro ao negacionismo do ex-presidente.
Nas equipes de Boulos e de Tabata Amaral (PSB), que marca 8% no cenário com todos os pré-candidatos, o bom resultado de Nunes foi minimizado e tido como esperado considerando o gasto da administração com obras e com publicidade. Nunes tem um recorde de R$ 16 bilhões para investimentos no Orçamento de 2024.
Na avaliação dos estrategistas do PSOL, é preciso divulgar as suspeitas que pesam contra a gestão Nunes em relação a essas despesas e obras emergenciais.
“A pesquisa reflete bem o uso da máquina e dos gastos em propaganda. O que o eleitor ainda não sabe é que a atual gestão é como o ditado popular: por fora bela viola, por dentro pão bolorento. É indispensável que a a imprensa mostre os escândalos de corrupção e superfaturamento desta gestão”, afirma Lula Guimarães, marqueteiro responsável pela pré-campanha de Boulos.
Nas redes, aliados de Boulos admitiram que, pelos dados do Datafolha, a disputa contra Nunes será difícil. Nos bastidores, sua rejeição de 34%, a maior entre os pré-candidatos, preocupa.
Em seu Instagram, Boulos ignorou o empate com Nunes e divulgou que, segundo o Datafolha, é o primeiro em intenções de votos, o que não condiz com os dados do levantamento. Ele foi imediatamente criticado por aliados de Nunes e por bolsonaristas.
Fabio Wajngarten, braço direito de Bolsonaro, chamou Boulos de mentiroso. “Invasor de terras continua mentindo. Não se deixe enganar”, escreveu no X.
Apesar do empate, o entorno do psolista aponta alguns pontos positivos para ele, começando pelos 14% de intenções de votos na pesquisa espontânea, o que demonstra a consolidação da pré-candidatura e a força para chegar ao segundo turno.
“Esse cenário de consolidação se mantém mesmo depois de seis meses de ataques cotidianos contra Boulos e uso desenfreado da máquina pública pela prefeitura”, diz a pré-campanha do PSOL em nota, mencionando os gastos de Nunes com publicidade e obras sem licitação como um “escândalo de corrupção” e uma “farra de cartas marcadas”.
Outro dado destacado pela equipe de Boulos é a maioria de 64% que considera que Nunes fez menos pela cidade do que esperavam.
Há ainda um ponto curioso que aliados de Boulos veem como um possível ativo a provável confusão pelo eleitorado entre a pré-candidata Marina Helena (Novo) e a ministra Marina Silva (Rede). Como a Rede faz parte da aliança do PSOL, Marina Silva é, na verdade, cabo eleitoral de Boulos, que pode usar seu recall.
De toda forma, nas redes sociais, o desempenho de Marina Helena, que marcou 7% no primeiro cenário, foi exaltado por simpatizantes da direita. Ao mesmo tempo, o resultado representa um revés para Kim Kataguiri (União Brasil), que marcou 4%, o que dificulta as chances de que seu partido opte por uma candidatura própria em vez do apoio a Nunes.
Marqueteiro responsável pela pré-campanha de Tabata, Pablo Nobel diz que a taxa de conhecimento da deputada ainda é bastante pequena e que isso, aliada a sua baixa rejeição, são oportunidades para o crescimento.
Levando em conta que Tabata terá menos tempo de TV que os adversários, o primeiro desafio, segundo ele, é apresentá-la.
CAROLINA LINHARES / Folhapress