SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A maioria dos 33 países da região da América Latina e do Caribe ainda não conseguiu retomar o nível de 2019 do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU (Organização das Nações Unidas), o último ano antes da pandemia de Covid-19.
De acordo com os dados publicados nesta quarta-feira (13), 13 nações conseguiram se igualar ou superar suas marcas naquele ano. Outras 20, incluindo o Brasil, ainda não conseguiram retomar o patamar anterior.
Na comparação com outras regiões do mundo, a América Latina teve a maior queda entre 2020 e 2021. A recuperação em 2022, segundo o relatório, foi menor que o esperado, considerando a tendência de crescimento registrada até 2019. Um dos dados que compõem o IDH, a expectativa de vida na região é de 73,9 anos, superior à média mundial de 72 anos.
No Brasil, a expectativa de vida havia chegado em 2021 à marca mais baixa em 12 anos, com 72,8 anos. Em 2022, chegou a 73,43 anos. Quanto à média de anos em escolas, o número teve pouco aumento, saindo de 8,12, em 2021, para 8,27. Já renda per capita anual passou de US$ 14.369,88 para US$ 14.615,89.
O IDH brasileiro chegou a 0,760 em 2022 e se aproximou ao de 2017, porém abaixo da marca de 0,766 de 2019. Mas o país conseguiu avançar em relação a 2021, quando ficou com 0,754. Essa foi a situação de 25 países na região.|
Como em outros levantamentos, o Chile se mantém como a nação com o IDH mais alto na América Latina e Caribe (0,860), seguido pela Argentina (0,849). Estes níveis são considerados muito altos.
O Brasil, que ocupava a 16ª posição na coleta de dados de 2021, caiu para a 19ª, mas segue na categoria de IDH alto. Ficou atrás de países como Panamá, Costa Rica, México, Equador, Cuba e Peru o país andino tomou do Brasil a 87ª posição no ranking mundial.
Entre os países com as piores marcas estão Guatemala (0,629), Honduras (0,624) e Haiti (0,552). Dos três, o Haiti teve o maior progresso entre 2021 e 2022 e foi o único a conseguir superar a marca anterior à pandemia.
Segundo a publicação da ONU, América Latina e Caribe vivem, assim como o resto do mundo, com os efeitos de uma polarização política que potencializa populismo e mina as possibilidades de cooperação multilateral na região.
A organização não cita casos específicos, como o aumento do autoritarismo de Nayib Bukele em El Salvador e as ditaduras na Venezuela, em Cuba e na Nicarágua.
Segundo o relatório, os países latinos e caribenhos devem investir em proteção social. O objetivo é ampliar a resiliência contra crises ou a dificuldades políticas e sociais, como o avanço do crime organizado.
“Esse contexto global chega a uma América Latina e Caribe que têm desafios estruturais. São profundas desigualdades que afetam a região, a altíssima vulnerabilidade e um crescimento econômico muito mais volátil. Talvez isso explique porque América Latina e Caribe sejam mais vulneráveis a essas crises”, disse Michelle Muschett, diretora regional do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para a América Latina e o Caribe.
Além disso, o Brasil é visto como um ator importante para a região, tanto por vantagens naturais como pela capacidade política.
“É preciso lembrar da importância que tem o Brasil na presidência no G20, incorporando com muita força o tema social na discussão com os países do grupo. É uma forte ênfase na abordagem das desigualdades,” afirmou Muschett.
Ela também lembrou da vantagem e da responsabilidade que o Brasil tem para enfrentar questões de desenvolvimento sob a ótica das mudanças climáticas, já que 60% do território nacional é composto pela Amazônia Legal.
LUCAS LACERDA / Folhapress