SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ser vacinado contra a dengue é o desejo de 87% dos paulistanos. Pesquisa feita pelo Datafolha mostra que a maioria dos moradores da cidade de São Paulo gostaria de ser imunizados contra a doença, enquanto 13% não querem receber doses da vacina.
Os dados foram coletados nos dias 7 e 8 de março em pontos de grande fluxo populacional na capital paulista. Foram ouvidas 1.090 pessoas para o levantamento, que tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos. A pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo SP-08862/2024.
A vacinação contra a doença é realizada neste ano para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A escolha ocorreu em decorrência da baixa disponibilidade de doses e da taxa de hospitalização do grupo.
O levantamento também mostra que os sintomas da dengue são motivo de dúvida para aproximadamente 1 em cada 4 paulistanos. Segundo o levantamento, 28% dos participantes se disseram “mal informados” ou “mais ou menos informados” sobre o tema.
Aqueles que afirmaram ser “bem informados” sobre os sintomas são 72%, enquanto 23% responderam “mais ou menos informados” e 5% “mal informados”.
O nível de informação, conforme a pesquisa, cai sobretudo entre os mais jovens. Considerando apenas as respostas de pessoas de 16 a 24 anos, 59% se consideram bem informados. Já entre aqueles com mais de 60 anos, a proporção sobe para 75%.
A percepção dos entrevistados também muda conforme nível de escolaridade. Entre pessoas com ensino superior, 81% acreditam estar bem informados sobre o assunto. No caso dos participantes com ensino médio e ensino fundamental, a taxa cai para 68%.
SINTOMAS DA DOENÇA
A infecção por dengue pode ser assintomática ou apresentar quadros de febre, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza e dor atrás dos olhos. Os sintomas são comuns a outras doenças infecciosas como a Covid, o que pode levar a confusão.
“A resposta inflamatória é uma reação padronizada do nosso corpo para qualquer agressão. Quando ela é desencadeada por um agente infeccioso, a nossa defesa vai liberar uma série de substâncias que levam a essas manifestações clínicas habituais para doenças infecciosas”, explica Evaldo Stanislau de Araújo, infectologista do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
O que chama a atenção no caso da dengue é a intensidade dos sintomas, em geral “exuberantes”, segundo o médico. “É muito cansaço, muita dor, muita febre”, exemplifica. A doença também é marcada por pequenas manifestações hemorrágicas, como manchas vermelhas na pele e sangramentos, por exemplo, ao escovar os dentes.
Em geral, pacientes começam a sentir melhora a partir do quarto ou quinto dia de sintomas. Quando isso não acontece, é indicativo de evolução para a forma grave ocorre em aproximadamente 5% dos casos.
Os primeiros sinais de complicações, segundo Araújo, são dores abdominais contínuas e muito incômodas, além de sangramentos mais evidentes, como na urina. Falta de ar e confusão mental também ocorrem com frequência.
TRANSMISSÃO DA DENGUE
A pesquisa do Datafolha também questionou os participantes sobre o quão informados estão sobre as formas de transmissão da doença. “Bem informados” foram 78%, enquanto os “mais ou menos informados” somaram 16% e “mal informados”, 6%.
A proporção também varia conforme idade, escolaridade e faixa salarial dos entrevistados. Em geral, pessoas mais velhas, com ensino superior e com renda maior se consideram melhor informadas neste quesito.
O Aedes aegypti é o principal vetor do vírus, que é transmitido para humanos por meio da picada da fêmea do mosquito. Pessoas infectadas, mesmo que não adoeçam, continuam fazendo parte da cadeia de transmissão, uma vez que podem transmitir o vírus para um mosquito ainda não infectado.
“Essas pessoas continuam circulando e são um fator importante para a transmissão da doença, mas a gente não tem como controlar sem vacina para todo mundo”, diz Araújo. Segundo o médico, cerca de 60% dos casos são assintomáticos.
“É importante que as pessoas conheçam os mecanismos de transmissão porque talvez se motivem mais a interromper este ciclo nas duas pontas: atrapalhando a vida do vetor e se protegendo para não amplificar a transmissão”, afirma o infectologista.
LEONARDO ZVARICK / Folhapress