SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Prostitutas afirmam que foram impedidas pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) de trabalhar nos arredores da estação da Luz, na região central de São Paulo.
O local é um ponto conhecido de prostituição na cidade.
A reportagem conversou com cinco pessoas nesta segunda-feira (18) que afirmaram terem sido retiradas do local pelos agentes. As testemunhas pediram para não terem o nome divulgado por temerem represálias.
Em nota, a prefeitura disse não ter localizado registro de ocorrência com essas características.
“As denúncias de conduta inadequada de funcionários públicos municipais podem ser registradas anonimamente por meio dos canais de atendimento 156. Todas as ocorrências são rigorosamente apuradas”, completa o texto.
A prostituta Sandra, 45, diz ter sido expulsa da rua Cásper Líbero, ao lado da estação, há uma semana.
Desde então, afirma que está andando pela região em busca de um novo ponto fixo. Tentou trabalhar no parque da Luz, que fica em frente à estação, mas diz ter sido expulsa por outras prostitutas que já atuam no local.
Sandra trabalha como prostituta há vinte anos. Começou em Pindamonhangaba, no interior paulista, para sustentar o filho recém-nascido. Depois, se mudou para São Paulo e continuou na área após várias negativas em processos seletivos para auxiliar de limpeza.
Na Luz, a mulher está há cinco anos, morando em uma pensão. Ela afirmou ser um espaço mais acolhedor para quem está envelhecendo no ramo, no qual sempre há clientes.
Segundo Sandra, os agentes não têm impedido o trabalho de prostitutas mais jovens. Outras testemunhas afirmam que travestis também foram expulsas pelos guardas.
Por volta do meio-dia desta segunda (19), carros da GCM estavam postados nas duas saídas da estação da Luz. Ao lado deles, havia poucas prostitutas.
No mesmo horário, a travesti Tiffany, 33, estava atrás de uma pilastra no saguão de entrada. Ela disse que estava tentando ficar escondida após ter sido expulsa da frente da estação pelos guardas.
A prostituição não é proibida no país. A categoria, inclusive, consta na Classificação Brasileira de Ocupações. O Código Penal estabelece que é crime apenas a prática de rufianismo ou seja, quando uma outra pessoa tira proveito financeiro da atividade.
BRUNO LUCCA / Folhapress