Pixinguinha, ou Alfredo da Rocha Vianna Filho, como sugere seu nome de batismo, foi um compositor, arranjador, flautista e saxofonista carioca que deixou um imenso legado de musicalidade para o povo brasileiro. O primeiro maestro a ser contratado por uma gravadora do país foi responsável por criar arranjos musicais para os maiores sucessos da época de ouro da MPB, além de marchas de carnaval e choros.
Em fevereiro, fez 50 anos desde a partida de Pixinguinha. Por isso, pensando em homenageá-lo, relembramos a seguir a trajetória de vida e carreira desse grande artista brasileiro!
Vida e obra de Pixinguinha
O historiador Ary Vasconcelos definiu Pixinguinha como compositor, instrumentista, regente, arranjador e um dos pilares da música popular brasileira moderna. Segundo ele:
“Se você tem 15 volumes para falar de toda a Música Popular Brasileira, fique certo de que é pouco. Mas, se dispõe apenas do espaço de uma palavra, nem tudo está perdido; escreva depressa: Pixinguinha”.
Alfredo nasceu no ano de 1897, na zona norte do Rio de Janeiro, no bairro da Piedade. Existe um conflito quanto a data de nascimento exata do artista. Nos livros, o que se tem registrado é o dia 23 de abril, mas segundo um trabalho do pesquisador Alexandre Dias, a informação que consta no cartório em que Pixinguinha foi registrado ao nascer é de que o seu aniversário é, na verdade, dia 4 de maio.
Apelido
O apelido Pixinguinha ficou marcado desde a primeira composição do artista. Esse era seu apelido de infância. O termo é derivado da palavra africana “pizindin”, que pode significar “menino bom”, porém, “comilão” é a interpretação mais conhecida.
Influências
O compositor cresceu em um ambiente que lhe deu muito espaço para se desenvolver no meio. Seu pai era músico amador e era bastante conhecido por promover saraus em sua casa com grandes músicos como João Pernambucano e Heitor Villa-Lobos.
Em um depoimento para o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS), Pixinguinha contou que gostava de ficar junto de seu pai, ouvindo as canções. E mesmo quando era mandado para a cama continuava ouvindo os choros que o pai tocava.
Em um determinado momento, o pai de pixinguinha começou a alugar cômodos em seu casarão para amigos músicos. Entre eles, o compositor e instrumentista Irineu de Almeida, que foi quem ensinou música para o garoto e disse que ele seria uma promessa.
Mas foram só anos mais tarde que o músico entrou de fato nessa vida. Segundo sua declaração ao MIS, com 11 anos ele já tocava cavaquinho.
“Com onze anos de idade eu já tocava meu cavaquinho. Fazia um Dó maior e um Sol maior, ensinados pelo meu irmão Henrique. Lá em casa, uns tocavam violão, outros cavaquinho. Gostavam muito de mim porque era garoto e tinha um ouvido muito bom. Ainda tenho, graças a Deus”.
Carreira
Os anos se passaram e, incentivado pela família musical, Pixinguinha se tornou uma verdadeira lenda da música brasileira.
Em 1919, quando fazia parte do grupo Oito Batutas, a banda foi contratada para tocar na sala de espera do Cinema Palais. E, apesar de algumas críticas de caráter racista, o grupo agradou geral e caiu na boca do povo.
A banda viajou pelo Brasil até 1921 e logo em seguida saiu em uma turnê pela europa, de onde trouxeram bastante influência do jazz.
Na época, Pixinguinha também chegou a se apresentar em cinemas, com as orquestras que tocavam durante os filmes mudos, e em peças de teatro.
Então, depois de bons anos na música, Pixinguinha acabou se tornando mestre.
Em 1951, começou a ensinar música e canto orfeônico em escolas pelo Brasil, além de ser maestro da Companhia Negra de Revista.
E, para completar, o artista foi homenageado ainda em vida quando a rua onde morava, em Ramos, no Rio de Janeiro, foi batizada com seu nome. Além de ter almoçado com Louis Armstrong a convite de Juscelino Kubitschek.
Em 17 de fevereiro de 1973, Pixinguinha veio a óbito após sofrer um segundo enfarte durante um batizado onde era padrinho. O músico faleceu aos 74 anos e deixou um buraco imenso na música brasileira.
Então, como forma de homenagear a herança deixada pelo artista, seu possível aniversário, 23 de abril, passou a ser conhecido como o Dia Nacional do Choro.
Principais composições
Entre as principais composições de Pixinguinha estão:
- A pombinha, com Donga
- A vida é um buraco
- Carinhoso, com João de Barro
- Casamento do coronel Cristino
- Céu do Brasil, com Gomes Filho
- Chorei
- Lamentos, com Vinícius de Moraes
- Naquele tempo
- Os batutas, em parceria com Duque
- Patrão, prenda seu gado, em parceria com Donga e João da Baiana
- Vou Vivendo
Pixinguinha Como Nunca
Em homenagem ao cinquentenário de sua morte, Pixinguinha ganhou um projeto fonográfico cheio de talentos.
O projeto de nome Pixinguinha como nunca traz de volta à tona a obra do compositor e reúne 50 composições inéditas nos álbuns: Pixinguinha Virtuose, Pixinguinha na Roda, Pixinguinha Canção e Pixinguinha Internacional. Todos os quatro foram gravados pelo Sexteto do Nunca e incluem arranjos e produção musical do cavaquinista Henrique Cazes.
O primeiro e segundo álbum, Pixinguinha Virtuose e Pixinguinha na Roda, foram lançados nos dias 3 e 17 de fevereiro. Já Pixinguinha Internacional e Pixinguinha Canção serão apresentados ao público apenas nos dias 6 e 24 de abril.
O projeto foi iniciado em 2000 e mescla uma série de ritmos cheios de brasilidade, como o choro, o coco, o frevo, o samba, o maxixe, a polca, a valsa e o xote.
O repertório do disco já havia sido apresentado parcialmente entre março e maio de 2021 em uma série de shows do sexteto. Foram mostradas 26 das 50 músicas que integram o projeto.
É certo dizer que Pixinguinha mais do que merece esta homenagem. E se você gostou de aprender mais sobre a vida e obra do músico, além de conhecer suas principais composições, basta continuar acompanhando a Novabrasil por aqui. Este portal é perfeito para quem é apaixonado por música e brasilidade assim como a gente!
