RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O Ministério Público do Rio de Janeiro afirma que Rogério de Andrade pagava cerca de R$ 208 mil com segurança pessoal composta por 36 integrantes, entre eles 20 policiais que tiveram mandados de prisão expedidos nesta quarta (20).
Ate o final da tarde, 16 policiais militares e um ex-policial penal haviam sido presos. Andrade é patrono (financiador) da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel e responde em liberdade à acusação de ser líder de uma organização criminosa que atua na contravenção do estado.
A defesa de Andrade nega as acusações. “A decisão do STJ [Superior Tribunal de Justiça] que restabeleceu a liberdade de Rogério Andrade corrigiu um erro da Justiça do Rio de Janeiro que havia decretado a prisão com provas extemporâneas ao processo”, afirmou em nota André Luís Callegari, advogado de Andrade, quando o suspeito ganhou liberdade, em dezembro do ano passado.
A afirmação da Promotoria sobre o custo da segurança consta nas planilhas apreendidas em maio de 2022 em um dos imóveis de Andrade.
De acordo com as planilhas, no mês de fevereiro de 2022 “a sua segurança pessoal era composta por 36 integrantes ao custo mensal de R$ 207.600”, diz trecho da denúncia. A estrutura existia pelo menos desde abril de 2021, com salários que variavam de R$ 5.600 a R$ 7.600. Os valores, segundo os promotores, podem ser equiparados a um soldado e a um oficial da Polícia Militar do Rio, respectivamente.
Os seguranças atuavam 24 horas, e os que compunham o plantão noturno se comunicavam por grupo de WhatsApp intitulado “vampiros”. As mensagens indicam que eles faziam rondas e recebiam desde ordens de patrulhamento nas redondezas das residências de Andrade a orientações de vestimenta.
Também checavam placas de carros que consideravam suspeitos. No grupo, trocavam informações sobre placas e entrega de armas.
Segundo os promotores, os policiais do grupo de segurança teriam um esquema com delegacias e batalhões a respeito de apreensão de máquinas caça-níqueis.
De acordo com a denúncia, por exemplo, quando policiais civis de uma determinada delegacia da zona norte precisavam fazer apreensões, os seguranças faziam o que eles chamavam de “teatro”: deixar máquinas velhas para serem aprendidas.
Assim, a delegacia poderia colocar em sua produtividade a apreensão e a quadrilha conseguia se desfazer de uma material velho.
Em nota, a Polícia Militar afirma que “atua em apoio à equipes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que estão cumprindo mandados de prisão e busca e apreensão a 18 policiais militares da ativa e um reformado”.
Também em nota, a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) afirmou que “o agente preso está inativo desde 2016” e apoia a ação da Promotoria.
BRUNA FANTTI / Folhapress