SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Record e o Prêmio Sesc de Literatura romperam sua parceria de duas décadas após a polêmica que envolveu o livro “Outono de Carne Estranha”, de Airton Souza.
A editora carioca costumava sempre publicar os vencedores do prêmio, mas a relação se abalou após uma leitura do livro de Souza, vencedor do ano passado, durante a Festa Literária Internacional de Paraty.
O episódio desencadeou incômodo nas engrenagens do Sesc e culminou na demissão de Henrique Rodrigues, um dos idealizadores do prêmio, que vem sendo acusado de censurar o livro e seu autor –a tradicional turnê de divulgação dos autores que ganharam o prêmio não aconteceu este ano.
“O Grupo Editorial Record lamenta comunicar o fim da parceria com o Sesc na realização do Prêmio Sesc de Literatura”, diz nota da editora.
“Encerra-se um ciclo de 20 anos, do qual o grupo tem muito orgulho e que nos trouxe um elenco admirável de novas vozes brasileiras. Diante de divergências com relação a novos caminhos do prêmio, as duas partes decidiram interromper o seu acordo. Agradecemos ao Sesc pelos ótimos anos de parceria e desejamos sucesso à nova versão do prêmio.”
O livro, sobre a paixão entre dois homens garimpeiros, tem alta voltagem sexual. A leitura pública de uma dessas cenas teria incomodado os gestores do Sesc, e a Record ficou contrariada com o episódio.
Em nota enviada à época comentando o caso, o Sesc disse que não houve desconforto, mas preocupação com o teor do trecho lido na Flip, “um conteúdo sensível, adequado apenas para o público adulto, e o evento tinha a presença de crianças e adolescentes”.
A empresa falou ainda que “se reserva o direito de selecionar e manter funcionários que atuem em sintonia com a filosofia e cultura da instituição”, ao comentar a demissão de Rodrigues.
O Sesc divulgou nesta quinta-feira o edital com as inscrições do prêmio deste ano, que começam na próxima segunda-feira, dia 25, seguindo até 22 de abril. Os livros vencedores agora serão publicados pela editora Senac Rio, e os autores ganharão R$ 30 mil.
WALTER PORTO / Folhapress