Quarta temporada de ‘The Chosen’ mostra tensão entre Jesus, fariseus e romanos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Primeiro ele escolheu seus discípulos. Depois fez milagres e um grande sermão na montanha. Agora, Jesus começa a sofrer a pressão de sua mensagem.

A tensão entre autoridades romanas, líderes religiosos e os discípulos conduz a quarta temporada da série “The Chosen”, cujos dois primeiros episódios estão em cartaz nos cinemas. Ao todo, serão sete temporadas, e a partir de agora a história se aproxima do fim.

A série, que começou em 2019 como um programa de TV nos Estados Unidos, conseguiu US$ 100 milhões —cerca de R$ 500 milhões— por meio de financiamento coletivo para produzir as quatro levas de episódios. A história de Jesus Cristo e de seus discípulos é sucesso inclusive entre não cristãos, e já foi vista por 200 milhões de espectadores em 190 países.

As três primeiras temporadas estão disponíveis em streaming na Netflix e Brasil Paralelo, além do próprio site da série. Na TV aberta, o SBT apresenta os episódios semanalmente desde o fim do ano passado.

No início da quarta temporada, ainda sem data definida para chegar ao streaming, é notável o maior investimento na produção. Com mais recursos, melhoraram os cenários e os figurinos, o que era necessário para esta fase da história, que mostra a inquietação de Roma e de líderes judeus com a mensagem de Jesus em sinagogas, palácios e banquetes.

Jonathan Roumie, ator que interpreta Jesus na série, classifica esse momento como “emocionante”, pois é quando a mensagem de arrependimento e salvação se torna pública. “Há muita coisa que está vindo à tona à medida que Jesus e seus discípulos se aproximam do fim de seu ministério. Então, sim, isso faz uma temporada realmente emocionante”, diz Roumie à Folha.

O ator e parte do elenco da série estiveram em São Paulo nesta segunda-feira (18) para a divulgação da quarta temporada no Brasil. A pré-estreia no Theatro Municipal, no centro da capital paulista, reuniu milhares de fãs e cristãos famosos, como o ex-jogador da seleção brasileira de futebol Kaká.

Os próximos episódios da série também vão mostrar a tensão entre os mais próximos de Jesus. A escolha de Pedro, até então chamado de Simão, para construir a igreja de Cristo provoca ciúmes e muita discussão entre os discípulos.

“Você verá que ele [Jesus] está ficando frustrado com seus seguidores porque todos estarão brigando uns com os outros sobre quem é o discípulo favorito ou esse assunto ou aquele assunto”, afirma Paras Patel, que interpreta Matheus.

Apesar de confirmar a pressão dos próximos episódios, Patel ressalta a mensagem de esperança da série. “Mesmo com todos esses obstáculos, você aprenderá que há luz no fim da escuridão. […] E especialmente com Matheus, você verá uma jornada linda conforme ele se torna a pessoa que nós conhecemos hoje”, diz.

Para Roumie, tanto a mensagem de Jesus como a forma que ela é contada em “The Chosen” explicam o sucesso da série em todo o mundo. Ou seja, criar personagens com os quais as pessoas possam se relacionar e que sejam acessíveis. Os discípulos, por exemplo, considerados santos para os católicos, são apresentados na série como simples mortais.

“Se você se referir a eles [discípulos] como santos, eles simplesmente parecem inacessíveis. Ao mostrar a humanidade, as lutas e os desafios pelos quais passaram como pessoas podemos nos relacionar com eles no século 21. E podemos nos relacionar com Jesus através de sua humanidade”, afirma Roumie.

Esse Jesus humano é questionado por muitos cristãos, inclusive no Brasil. Para Roumie, todos os personagens da série são humanos, com exceção de Jesus que é homem e Deus ao mesmo tempo. Por isso, a ideia dos criadores da série é nunca perder de vista essa divindade.

“Acho que ter essa humanidade em Jesus e seus seguidores apenas os torna mais reais e relevantes para nós hoje tanto quanto eram para sua comunidade no século 1º. Então, acho que isso tem sido parte do sucesso da série é tornar a história fresca, relevante e facilmente acessível”, diz Roumie.

E apesar de muitos já conhecerem o fim da história, Roumie diz que as pessoas não sabem como ela será contada em “The Chosen”. O ator lembra que, como se trata de um programa de TV, é possível usar uma licença criativa para inventar personagens para ter uma história bem contada. Porém, ele ressalta que tudo deve apontar para as escrituras.

“Se as pessoas quiserem saber exatamente o que foi escrito, elas podem abrir a Bíblia e ler exatamente qual é a história. Em última análise, estamos contando essa história, mas estamos meio que seguindo um caminho cênico”, afirma.

Um exemplo pode ser a personagem Éden, mulher de Pedro, na série interpretada pela atriz brasileira Lara Silva. A Bíblia diz que Jesus curou a sogra de Pedro, mas não conta detalhes de sua mulher nem diz que seu nome era Éden.

Além disso, a série dá nome a algumas das mulheres que acompanhavam Jesus e seus discípulos nas viagens, como Ramá e Tamar, por exemplo. Isso mostra a importância que Jesus sempre deu às mulheres em uma época que não eram nem contadas nas estatísticas.

“Jesus sempre elevou as mulheres. Ele sempre as teve bem ali. Elas são tão importantes quanto os discípulos. E às vezes sinto que as mulheres entenderam a mensagem ainda mais rápido do que os homens, e isso ainda é às vezes real agora e hoje”, diz Silva à Folha de S.Paulo.

A estreia da série nos cinemas brasileiros coincide com o início das celebrações da Páscoa cristã, que neste ano será em 31 de março.

“The Chosen” é uma série independente, escrita, produzida e dirigida por Dallas Jenkins e distribuída globalmente pela Lionsgate. A nova temporada chega aos cinemas brasileiros em parceria com a Paris Filmes.

REGIANE SOARES / Folhapress

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