RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), exonerou nesta terça-feira (26) da Secretaria Municipal de Ação Comunitária aliados do deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil), preso sob suspeita de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco.
Entre os exonerados está o substituto de Brazão no comando, o ex-deputado Ricardo Abrãao, sobrinho do bicheiro Anísio Abrão David. Ele havia sido indicado pelo Republicanos para manutenção da aliança em torno da pré-candidatura de Paes à reeleição.
O prefeito nomeou para o comando da secretaria Marli Peçanha, que estava no cargo desde o início do mandato de Paes até a escolha de Brazão, em outubro.
“Marli retorna ao cargo com autonomia para reformular os quadros da secretaria e dar continuidade aos principais projetos da pasta, como: Favela com Dignidade, Casa Carioca e Recicla Comunidade”, disse a prefeitura, em nota.
A exoneração de Abrãao ocorre após o desgaste político causado pela prisão de Chiquinho, sob suspeita de ser o mandante da morte da vereadora Marielle Franco, junto com o irmão Domingos, conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado).
Brazão havia deixado o cargo em fevereiro, uma semana após a divulgação sobre a existência do acordo de colaboração premiada do ex-PM Ronnie Lessa, apontado como executor do crime. O deputado, porém, manteve 15 aliados na pasta até esta terça, segundo levantamento do vereador Pedro Duarte (Novo).
O Diário Oficial do Município desta terça traz a exoneração de 6 dos 15 nomeados por Brazão.
A prisão de Chiquinho foi a segunda investigação sobre a atuação de milícias a atingir a aliança formada por Paes entorno de sua pré-candidato à reeleição. Em dezembro, a deputada Lucinha (PSD) foi alvo de operação sob suspeita de envolvimento com milícias. A aliada do prefeito tem o filho como integrante do primeiro escalão da prefeitura.
Os reveses sobre Paes devem integrar a campanha do deputado federal Alexandre Ramagem (PL), escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como pré-candidato no Rio de Janeiro.
O ex-ministro Fábio Wajngarten, braço direto do ex-presidente, indicou neste domingo (24) que a prisão de Brazão deve ser usada contra Paes. “Se minimamente trabalhada a eleição da cidade do Rio acabou hoje [domingo]. Mãos à obra”, disse ele em sua conta no X (antigo Twitter).
ITALO NOGUEIRA / Folhapress