SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em um jantar com a presença de empresários e filantropos, além de professores e gestores da USP (Universidade de São Paulo), na noite de segunda-feira (25) foi lançado o Fundo USP Diversa, um fundo patrimonial para manter o programa que concede bolsas de auxílio para a permanência de alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
O fundo já começa com R$ 5 milhões em caixa, doados pela empresária e filantropa Cristiane Sultani, do Instituto Beja, que é sua idealizadora ao lado da cantora Marisa Monte e da médica e professora da USP Ludhmila Hajjar. Marisa também é a embaixadora do projeto.
No evento, realizado na casa dos empresários Candido e Teresa Bracher, houve sinalizações de novas adesões, ainda não confirmadas. A meta, segundo a organização, é conseguir um montante suficiente para que todos os alunos em situação de vulnerabilidade recebam o auxílio.
O programa atende a todas as unidades da USP. São beneficiários todos os estudantes de graduação, ingressantes e veteranos, vindos de escolas públicas e em situação de vulnerabilidade econômica e social, considerando pessoas autodeclaradas pretas, pardas ou indígenas (PPI), pessoas com filhos de até três anos, pessoas com deficiência física, da comunidade LGBTQIA+ e de outros segmentos minoritários.
O Fundo USP Diversa é gerido pelo Fundo Patrimonial da USP, criado para receber doações de qualquer valor de pessoas físicas ou jurídicas e que já concedia apoios aos alunos, como moradia estudantil (são 2.653 vagas nos campi) e auxílio alimentação.
Dos 60.120 alunos do curso de graduação matriculados na universidade, 27,76% solicitaram auxílio financeiro no último ano. Desses quase 17 mil, 67,6% são alunos que ingressaram por cotas. Ao todo, foram concedidos auxílios para 13.764 estudantes sendo: 13.460 pelo Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil com recurso do orçamento da USP e 304 com recursos captados pelo USP Diversa.
No entanto, esse apoio do Fundo Patrimonial ainda não é suficiente para evitar a evasão dos alunos mais desfavorecidos. Por isso, o Programa USP Diversa foi criado. Ele concede um auxílio permanência nos valores de R$ 800 ou de R$ 300 (para aqueles alunos que já possuem vaga em moradia) por mês. A seleção é feita exclusivamente pela universidade, sem qualquer interferência do Fundo USP Diversa.
Para manter a bolsa, aluno precisa cumprir algumas metas de desempenho. Deve estar matriculado em número mínimo de disciplinas, comprovar frequência e ser aprovado em número estipulado de créditos ao ano. Além disso, os resultados são monitorados e analisados para verificar o impacto sobre a permanência e o desempenho acadêmico dos atendidos.
Cristiani Sultani comenta que se envolveu nesse projeto por ver uma oportunidade de mudar a narrativa da nossa sociedade e de acelerar a formação para que jovens permaneçam na USP, realizem todo o seu potencial e conquistem melhores posições no mercado de trabalho.
“Esse conjunto fortalece o crescimento do PIB brasileiro, reforça nossa pluralidade e democracia e faz refletir, na melhor universidade do país, a composição da nossa população, composta, em sua maioria, por pardos e negros”, diz ela.
Marisa Monte, que possui o título de doutora honoris causa da USP pela sua contribuição à universidade, disse ser um desafio e uma honra ser embaixadora do programa.
“A educação é um valor inquestionável que tem o poder de ampliar o horizonte de indivíduos e de suas famílias com reflexos em toda sociedade. Acredito na mistura como única solução para as questões humanas complexas e gosto de aprender com outro e com nossas diferenças. Uma universidade diversa reflete melhor a realidade brasileira e enriquece o aprendizado sobre quem somos.”
CLAUDINEI QUEIROZ / Folhapress