ARACAJU, SE (FOLHAPRESS) – Pouco aberta a mulheres com mais de 50 anos em postos estratégicos do jornalismo, a TV brasileira parece que tem mudado essa realidade aos poucos. Essa é a opinião de Renata Lo Prete, apresentadora do Jornal da Globo desde 2016. Renata, 60, é uma âncora querida pelo público.
Não foram poucos os pedidos –e até campanhas na internet– para que a Globo a escalasse como uma das plantonistas na apresentação do Jornal Nacional aos sábados. Ao F5, Renata brinca com a situação e diz que não tem a ambição de comandar o principal telejornal do Brasil.
“Vim de 30 anos de plantões de fim de semana. Já tem o César Tralli e o Roberto Kovalick por lá. Estou bem no Jornal da Globo. Olha o problema que você quer arrumar para mim… (risos)”, diz a jornalista.
Renata também comentou sobre uma certa cobrança para que mulheres mais maduras se mantenham jovens na televisão, o chamado etarismo. A âncora diz que isso deixará de ser uma questão quando homens forem questionados neste sentido.
“Outro dia, eu parei para pensar sobre isso porque um outro entrevistador me fez essa pergunta. E eu fiz um raciocínio, que eu me questiono muito também. Quando pararem de perguntar insistentemente esse tipo de coisa às mulheres de meia idade, de idade avançada, e perguntarem para homens da mesma faixa etária, e as pessoas cansarem de ouvir as mesmas respostas, talvez essa discussão dê mais sustância e consequência”, comentou.
Renata afirma que não tem uma preocupação neste sentido porque trabalhou por muitos anos na Folha de S.Paulo, no meio impresso. A questão maior, diz, é sobre o conteúdo, e não o visual. Ela revela que a Globo jamais fez qualquer exigência em relação a isso.
“Para mim, a minha grande preocupação, e não sei se é por eu ter vindo do impresso, não é essa. Tanto faz no impresso se tem olheira ou não, outras coisas são mais importantes. Desde quando vim para cá, há 12 anos, para fazer um determinado trabalho, e eu preciso dizer isso em respeito a esta casa, nunca falaram qualquer coisa ou ‘Renata, você precisa parecer mais jovem’, ou qualquer outra”, comentou.
“De forma que, na minha vida, eu penso em entregar um bom conteúdo. Eu me cobro todos os dias. E a minha sensação é que é esse o trabalho que eu tenho que fazer. E eu sou que eu sou. A minha história é essa. E, assim, quem me conhece sabe que eu festejei os 60 anos que eu fiz ano passado com muita alegria, o Cesar Tralli está aqui de testemunha (risos). E eu abraço isso porque é a minha história”, explica.
Renata diz que se preocupa mais com a pressão que jornalistas e mulheres mais jovens sofrem.
“Vou te falar uma coisa muito verdadeira, e falo isso não sei se é por ter uma filha de 20 e poucos anos: a cobrança para mulheres mais jovens serem perfeitas. E os jovens nem sempre têm a bagagem, a experiência, para ver as coisas desse jeito. Mas é isso: eu penso sobre isso quando perguntam para mim, mas não é algo que eu pense muito. Eu estou mais preocupada em dar conta do jornal que apresento. Mas não é uma questão para mim”, concluiu.
GABRIEL VAQUER / Folhapress