SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um ataque aéreo contra a seção consular da embaixada do Irã em Damasco, na Síria, matou nesta segunda-feira (1º) pelo menos 11 pessoas, disse a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Teerã atribuiu o bombardeio a Israel, informação corroborada por quatro militares de Tel Aviv ao The New York Times. Em nota, a Guarda Revolucionária Iraniana afirmou que um dos mortos era Mohammad Reza Zahedi, alto comandante da força Quds, responsável por operações no exterior.
O regime afirma que era ele o alvo do ataque além dele, morreram no incidente em Mazeh, bairro nobre da capital síria, outros sete iranianos, dois sírios e um libanês, todos militares, de acordo com a OSDH.
O embaixador iraniano na Síria, Hossein Akbari, saiu ileso e afirmou que seu país vai responder de forma “severa”. À TV estatal iraniana, ele disse que o ataque teria sido realizado com “aviões de combate F-35 e seis mísseis”.
“O ataque israelense contra a embaixada iraniana mostra a realidade da entidade sionista, que não reconhece nenhuma lei internacional e faz tudo o que é desumano para alcançar seus objetivos”, afirmou Akbari.
Repórteres da agência de notícias Reuters no local viram fumaça subindo dos escombros de um prédio e veículos de emergência estacionados do lado de fora. Uma bandeira iraniana estava pendurada em um mastro, na frente dos destroços, e os ministros das Relações Exteriores e do Interior da Síria foram vistos no local.
Segundo outra agência, a AFP, serviços de emergência buscam vítimas sob os escombros. Forças de segurança isolaram o prédio diante de uma multidão de curiosos que se aglomeravam perto de veículos carbonizados.
O chanceler sírio, Faisal Mekdad, “condenou veementemente este ataque terrorista atroz”. “O inimigo israelense lançou ataques aéreos das Colinas de Golã sírias ocupadas em direção ao prédio do consulado iraniano em Damasco”, afirmou sua pasta em um comunicado. “O ataque destruiu todo o prédio, matando ou ferindo todos que estavam dentro.”
O bombardeio tem o potencial de escalar os conflitos no Oriente Médio. O porta-voz da chancelaria do Irã, Nasser Kanaani, afirmou que seu país tem direito de tomar ações recíprocas, segundo a mídia estatal. “Teerã decidirá sobre o tipo de resposta e punição contra o agressor.”
Já o chanceler de fato, Hossein Amir Abdollahian, pediu uma “resposta séria da comunidade internacional” em comunicado do ministério. “[O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu,] perdeu completamente o equilíbrio mental devido aos sucessivos fracassos do regime em Gaza e à incapacidade de alcançar os ambiciosos objetivos dos sionistas”, afirmou.
Enquanto isso, o Hezbollah, grupo libanês xiita aliado de Teerã e do Hamas e envolvido em uma frente secundária da guerra na Faixa de Gaza, jurou vingança contra Tel Aviv. O bombardeio “não passará sem que o inimigo seja castigado”, declarou em nota.
Questionado por agências de notícias, Israel recusou-se a comentar o incidente. Há muito o Estado judeu tem como alvo instalações militares do Irã, e esses ataques se intensificaram com a guerra contra o grupo terrorista Hamas em Gaza. O bombardeio desta segunda, porém, seria o primeiro a atingir a embaixada, caso a autoria seja confirmada.
Na última sexta-feira (29), Israel bombardeou a província de Aleppo, no norte da Síria, e matou pelo menos 39 pessoas, entre elas um combatente do Hezbollah no Líbano. Tel Aviv também ataca regularmente os aeroportos de Alepo e Damasco na tentativa de interromper o transporte de armas do Irã, segundo o Exército.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean Pierre, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está ciente dos relatos vindos de Damasco e sua equipe “está investigando” o incidente.
Redação / Folhapress