Polícia vê intenção de matar e pede prisão de dono de Porsche

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, 25, teve sua prisão temporária pedida pela polícia após se apresentar na tarde desta segunda-feira (1º) no 30º DP, no Tatuapé, na zona leste de São Paulo.

Com a ajuda da mãe, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, o empresário fugiu após bater seu Porsche em um Renault Sandero e causar a morte de um motorista de aplicativo na madrugada deste domingo (31), na avenida Salim Farah Maluf, no mesmo bairro.

Ela havia falado aos policiais militares que levaria o filho a um hospital, mas não seguiu para lá. O caso, então, foi registrado como fuga de local de acidente, lesão corporal na direção de veículo automotor e homicídio culposo (sem intenção) na direção de veículo automotor.

No entanto, após ser ouvido nesta segunda, ele foi indiciado sob suspeita de homicídio doloso, quando há intenção de matar, além de lesão corporal e fuga do local de acidente.

Segundo nota enviada à reportagem pela SSP (Secretaria de Segurança Pública), a polícia pediu a prisão temporária, que tem duração de 5 a 30 dias, prorrogáveis pelo mesmo período.

O delegado assistente Nelson Vinicius Alves disse aos repórteres após o depoimento que o empresário foi indiciado por homicídio com dolo eventual: “Ele usou o carro como arma”.

Alves afirmou ter esperado até o fim da tarde para pedir a prisão temporária ao plantão do Judiciário, que já estaria analisando o caso para autorizar. Caso fosse pedido ao Tribunal do Júri, a decisão poderia demorar muito mais.

O delegado diz que a autorização deve sair a qualquer momento. Caso não saia ainda hoje, Sastre seria liberado para ir para casa até a decretação da prisão pela Justiça.

Em relação a mãe do condutor, que tirou o filho do local, Alves afirmou que ela não pode ser indiciada, por se tratar de uma familiar que foi ao local para socorrer o filho. Isso foi o que ela disse no depoimento, segundo o delegado.

Marcos Vinicius, o outro passageiro do Porsche, ainda está internado e não tem condição de falar, segundo o delegado, mas será ouvido no inquérito, assim como duas testemunhas do acidente.

A SSP também informou que a Corregedoria da Polícia Militar está investigando o procedimento dos policiais que atenderam a ocorrência na madrugada de domingo e liberaram Fernando Sastre de Andrade Filho para ir com a mãe ao hospital. Os oficiais também são criticados por terem comunicado o acidente na delegacia somente cinco horas depois.

CONFIRA A ÍNTEGRA DA NOTA DA SSP

“O autor do acidente compareceu na delegacia na tarde desta segunda-feira (1) e, após prestar depoimento, foi indiciado criminalmente por homicídio doloso, lesão corporal e fuga de local de acidente. A autoridade policial representou pela decretação da sua prisão temporária e aguarda a apreciação do Poder Judiciário. O caso segue em investigação pelo 30º DP. A Polícia Militar segue apurando a dinâmica da ocorrência para identificar eventual erro no procedimento operacional.”

**Leia a seguir o que se sabe da ocorrência**

ONDE O ACIDENTE OCORREU?

O acidente aconteceu na avenida Salim Farah Maluf, na altura do número 1.801, no Tatuapé, às 2h25 de domingo (31). O acidente foi registrado como homicídio culposo na direção de veículo automotor, lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e fuga de local de acidente.

COMO ACONTECEU?

De acordo com o boletim de ocorrência, o Porsche bateu na traseira do Sandero, que era conduzido pelo motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52. Ele foi levado por bombeiros ao Hospital Municipal do Tatuapé, com parada cardiorrespiratória e múltiplos traumatismos. Viana não resistiu aos ferimentos.

CARRO ESTAVA EM ALTA VELOCIDADE?

A Porsche estava em alta velocidade, de acordo com duas testemunhas que passavam de carro pelo local em um HB20. Segundo o registro policial, as testemunhas disseram que o Porsche fez uma ultrapassagem, perdeu o controle e bateu na traseira do Sandero.

QUEM ESTAVA NO PORSCHE?

Além do empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, no Porsche também estava o passageiro Marcus Vinicius Machado Rocha, 22. Ele foi socorrido para o Hospital São Luiz Tatuapé.

O EMPRESÁRIO QUE DIRIGIA O PORSCHE FUGIU?

A mãe do empresário foi até o local do acidente, ainda de acordo com o registro policial, e disse que o levaria ao Hospital São Luiz Ibirapuera devido ao leve ferimento que ele apresentava na região da boca. Os policiais militares foram até a unidade para ouvi-lo e fazer o teste do bafômetro, mas receberam a informação de que o empresário não deu entrada em qualquer hospital da rede São Luiz. Ainda segundo o registro policial, os agentes não conseguiram mais falar com o empresário ou sua mãe –as ligações não foram atendidas.

POR QUE A POLÍCIA MILITAR LIBEROU O EMPRESÁRIO?

Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que, em caso de acidentes de trânsito, a prioridade da Polícia Militar é garantir o resgate das vítimas e preservar o local do acidente.

De acordo com a nota, inicialmente, além do motorista que morreu, o empresário que estava na Posche foi apontado também como vítima, e, como tinha ferimento, foi socorrido.

“Durante a apresentação da ocorrência verificou-se que o possível autor seria o condutor do Porsche. Os PMs realizaram diligências no hospital em que o motorista sinalizou que seria atendido e em sua residência, mas ele não foi encontrado. Diante disso, o caso foi registrado como homicídio culposo e lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e fuga do local do acidente”, afirmou a SSP.

A SSP afirmou que a PM “analisará a dinâmica da ocorrência para identificar eventual erro de procedimento operacional”. O caso foi registrado e é investigado pelo 30º DP (Tatuapé).

CLAUDINEI QUEIROZ E LUCAS LACERDA / Folhapress

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