Gerido pela iniciativa privada desde o segundo semestre de 2020, o Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, vai passar a cobrar uma tarifa das empresas e treinadores que atuam com atividades esportivas no local, como corrida e yoga. A tarifa está nos planos da Urbia Parques, concessionária do Ibirapuera. O modelo e o valor da cobrança não estão definidos, mas a perspectiva é de que isso aconteça até fevereiro do ano que vem.
Segundo o diretor da concessionária, Samuel Lloyd, o objetivo da tarifa é gerar receitas para o equilíbrio financeiro do Ibirapuera e cumprir o direito de exclusividade de exploração comercial, dado durante o processo de concessão. Pessoas que utilizam o parque como forma de lazer não serão afetadas. “Todas as empresas que operam dentro do Ibirapuera nas áreas concedidas no Plano Diretor (do parque) devem pagar uma taxa à concessionária do parque, que tem a obrigação de mantê-lo estruturado”, disse Lloyd.
Em paralelo, a gestão vai regularizar os espaços destinados às empresas que utilizam o Ibirapuera para a prática esportiva – uma obrigação estabelecida no Plano Diretor do parque, de 2019, para evitar o conflito de usos. Além de organizar o parque, a regularização vai permitir que a Urbia saiba quantas assessorias esportivas, empresas e atletas operam dentro do Ibirapuera de uma forma ou de outra.
A criação de uma tarifa era esperada por parte dos treinadores e empresas que estão no local desde que o Ibirapuera foi concedido à iniciativa privada. A presidente da Associação dos Treinadores de Corrida do Estado de São Paulo (ATC), Alessandra Othechar, afirmou que a preocupação imediata é o impacto financeiro para os treinadores, que ainda sentem os prejuízos motivados pela interrupção das atividades esportivas durante a pandemia.
As reuniões da Urbia com as empresas e os treinadores – ou “assessorias esportivas” – para tratar sobre a cobrança começaram no ano passado. Os maiores impedimentos na negociação é como será feita a cobrança, já que as assessorias alegam que cada uma tem um modelo próprio de negócio. Uma das primeiras propostas foi cobrar uma taxa fixa por atleta, por exemplo. As assessorias argumentam que essa forma poderia ser viável para treinadores e empresas com centenas de alunos, mas prejudicaria aqueles que possuem grupos menores.
O modelo mais discutido atualmente é a cobrança de um porcentual de 3% a 5% em cima da mensalidade de cada aluno. Para a presidente da ATC, esse formato deixa dúvidas de como a Urbia fiscalizaria o faturamento de cada assessoria. De acordo com Lloyd, seria por autodeclaração. “Funcionaria por autodeclaração, com cada empresa ou treinador declarando quantos alunos e qual o faturamento, mas esse é um debate que está muito longe de ser definido”, explica o diretor da Urbia.
A estimativa inicial da Urbia é gerar uma receita mensal de R$ 100 mil e contribuir para a manutenção do Ibirapuera, que tem uma despesa mensal de R$ 3 milhões, segundo a concessionária. “Não há mais dinheiro público no Ibirapuera. Precisamos ter receitas para manter o parque e fazer melhorias nele, como a instalação de armários, vestiários e outras estruturas que vão auxiliar os visitantes”, disse Lloyd.
Para Alessandra, da ATC, desde que o parque passou para a iniciativa privada, os treinadores sentem melhorias, mas a contrapartida por meio de taxas precisa ser melhor discutida porque há, de modo indireto, o pagamento de outros valores. “Temos treinadores que utilizam o Ibirapuera todos os dias de manhã e durante a noite e precisam pagar duas taxas de estacionamento, por exemplo. Acho que os profissionais da área podem levar benefícios para o parque que vão além de uma tarifa”, destacou.
Agência Estado