PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – Atração singular de Taiwan, o arranha-céu Taipei 101 aparece movendo-se, mas sem afetar sua estrutura, em alguns dos vídeos que mostram os efeitos do maior terremoto que atingiu a ilha em 25 anos, nesta quarta-feira (3).
Sua estabilidade é mantida, em parte, por um amortecedor sísmico uma bola de ferro suspensa de 5,5 metros de diâmetro e 660 toneladas que ocupa dois andares (87 e 88) e absorve choques ou outros tipos de oscilação, como ventos de tufões. No vídeo abaixo, disponível no site oficial do Taipei 101, é possível ver o sistema em ação durante a passagem de um tufão, em 2015.
O edifício foi inaugurado no fim de 2004, cinco anos depois de um terremoto de magnitude 7,6 matar quase 2.400 pessoas. A catástrofe iniciou em Taiwan um movimento intermitente de regulação das construções, com rigor cada vez maior. Parte da resistência observada em outros prédios e pontes da ilha, também em vídeos, é creditada a isso.
A mudança mais recente, há um ano e meio, estabeleceu reforços temporários para construções mais antigas até que uma solução permanente seja atingida. O foco é em imóveis como hotéis os mais atingidos em Hualien, desta vez a cidade sob maior impacto.
As exigências aumentaram os gastos dos construtores e moradores, mas há incentivo financeiro estatal para revisar se os imóveis estão preparados para os tremores. Além disso, foi montada uma ampla estrutura de acompanhamento sismológico e de alertas para cada celular usado na ilha.
Os pequenos tremores cotidianos em Taiwan, observados por qualquer pessoa que passe mais do que algumas semanas na ilha, assim como os terremotos que acontecem com intervalo de alguns anos, como o de 2016, devem-se à localização do território, em um ponto de compressão de placas tectônicas, segundo especialistas taiwaneses.
Alguns deles afirmam que grandes terremotos como o de 1999 seguem um ciclo de cerca de três décadas e preveem um outro, tão devastador quanto aquele, em cerca de cinco anos.
O desta quarta deixou pelo menos 9 mortos e 946 feridos, segundo autoridades locais. Há ainda 50 pessoas desaparecidas sob os escombros deixados pelo tremor, que tombou prédios e causou enormes deslizamentos de terra na ilha.
O sismo começou pouco antes das 8h locais (21h de terça no Brasil). Segundo o Centro Geológico dos Estados Unidos, a magnitude foi de 7,4, enquanto a Agência Meteorológica de Taiwan calculou um fenômeno de 7,2, e a Agência Meteorológica do Japão divulgou o número de 7,5.
O local mais afetado pelo tremor foi a cidade taiwanesa de Hualien, a mais próxima do epicentro e onde aconteceram todas as mortes. Relatos colhidos pela agência de notícias Reuters apontam que parte de Taipé, a capital, ficou sem energia elétrica.
O evento geológico deixou a região em alerta o sismo gerou um aviso de tsunami na costa leste da Ásia que foi suspenso horas depois. Na China continental, o terremoto foi sentido em várias regiões, inclusive Xangai, mas a província mais afetada foi Fujian, a mais próxima de Taiwan, com relatos sobretudo das cidades de Xiamen e Fuzhou.
NELSON DE SÁ / Folhapress