Após vaivém, ações da Petrobras caem mais de 1% e limitam ganhos da Bolsa

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Num dia volátil, as ações da Petrobras registraram forte queda e limitaram os ganhos da Bolsa brasileira, que chegou a ultrapassar os 129 mil pontos nesta quinta-feira (4), mas perdeu tração. Em meio a rumores sobre uma possível troca de comando, os papéis da petroleira foram os mais negociados e ditaram o tom das negociações.

Como pano de fundo, a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, noticiou que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, pediu uma audiência com Lula (PT) para conversar sobre ataques de integrantes do governo contra ele. Prates estaria considerando, inclusive, sair do comando da estatal.

Com a possível saída de Prates, passou-se a cogitar a possibilidade de o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, vir a suceder o senador na presidência da Petrobras.

Após os rumores, os papéis da companhia, que vinham num desempenho positivo, viraram para queda, mas rapidamente se recuperaram e voltaram a operar alta, com notícia da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, de que os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil) decidiram pagar os dividendos da petroleira que foram retidos no mês passado.

No fim do dia, no entanto, as ações voltaram ao terreno negativo, e os papéis da Petrobras terminaram a sessão em queda de 1,40%.

O economista Alexsandro Nishimura, sócio da Nomos, afirma que o papel “oscilou conforme a boataria corria pelas mesas” e, com isso, levou volatilidade ao Ibovespa. Na mínima do dia, o índice chegou aos 127.177 pontos, quase 2.500 pontos a menos que seu maior valor do pregão, de 129.627 pontos.

No fim, o Ibovespa terminou o pregão com oscilação positiva de 0,08%, praticamente estável aos 127.427 pontos.

Na avaliação do mercado, mesmo se a distribuição de dividendos for concretizada, os ruídos em torno da petroleira deixam saldo negativo.

“No fim, a distribuição dos dividendos extraordinários parece se encaminhar para uma decisão política, que pode ter relação com a necessidade do governo de ampliar a arrecadação para cumprir a meta, mas que para o investidor acaba representando um fluxo de recebimentos que tinha deixado de estar no preço do papel”, diz Nishimura.

Já Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos, diz que o mercado teme interferências na empresa há algum tempo, e a possível entrada de Mercadante no comando da companhia poderia piorar esse cenário.

“Agora se entende que a empresa vai virar um departamento de Estado. Houve receio quanto a Mercadante, mas houve a notícia de dividendos extraordinários, então o impacto está sendo pequeno. Mas as ações tendem a ser cada vez mais penalizadas”, diz Meira.

No câmbio, o dólar até começou o dia em queda, em meio ao recuo nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, mas reverteu as perdas e fechou em alta de 0,22%, cotado a R$ 5,051.

Investidores seguem repercutindo falas do presidente do Federal Reserve (banco central americano), Jerome Powell, que afirmou na quarta (3) que os juros americanos devem começar a cair neste ano.

Além disso, pela manhã, o mercado reagiu positivamente a dados mostrando que o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego aumentou mais do que o esperado na semana passada, sinal de que condições do mercado de trabalho estão se afrouxando.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 9.000 na semana encerrada em 30 de março, para 221 mil em dado com ajuste sazonal, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira. Economistas consultados pela Reuters previam 214 mil pedidos na última semana.

Isso poderia permitir ao Fed dar início a seu antecipado ciclo de cortes de juros, mas o mercado ainda precisa de mais dados para ter maior clareza sobre os próximos passos do banco central.

As expectativas sobre o início da queda de juros nos EUA seguem sendo o foco dos investidores e causou uma valorização global da moeda americana recentemente. O dado mais esperado desta semana, o payroll (relatório de emprego), está previsto para sexta-feira (5) e deve oferecer mais pistas ao mercado.

Por enquanto, as apostas seguem indicando que o primeiro corte nas taxas deve ocorrer apenas em junho, mas já há especulações sobre um possível adiamento após números de inflação e atividade industrial melhores que o esperado pelo mercado.

MARCELO AZEVEDO / Folhapress

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