BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que tem sofrido duras críticas em relação ao combate à epidemia da dengue, durante lançamento de programas do governo, em Brasília.
Lula defendeu a forma como a ministra tem feito a gestão da pasta e citou o jeito “manso” como ela fala nas reuniões.
Eu queria terminar dizendo uma coisa para vocês: outro dia, numa reunião do Ministério, eu disse para a Nísia falar grosso na questão da Saúde. A Nísia disse para mim: ‘É o seguinte, presidente, eu não posso falar grosso porque eu sou mulher. Eu falo baixo’. Foi muito importante. Porque eu acho que a Nísia falando manso do jeito que ela falou, eu posso até achar que ali tem alguém que não gosta de você, mas eu duvido que alguém não acredite em cada palavra que você fala. Lula, na coletiva, ao lado de Nísia
“Não só por ser mulher… Mas também pelo seu jeito delicado de falar, sem rompante, para sair além do entusiasmo e o que é necessário, você consegue falar com a alma e com a consciência das pessoas. Eu acho que a ministra da Saúde tem de se dirigir ao povo brasileiro, porque muitas vezes o povo precisa de orientação. O povo mais pobre, mais periférico”, acrescentou.
O Brasil enfrenta a maior epidemia de dengue de sua história, com reflexos diretos na popularidade do governo. A oposição aproveita para tentar colar em Lula o apelido de “presidengue”, palavra disseminada em grupos de WhatsApp.
A ministra da Saúde tem sido alvo de críticas, inclusive vindas de políticos que formam o consórcio PT-Centrão, que pressiona por mudanças na pasta. Aliados do governo afirmam que, se a pasta comandada por Nísia não apresentar resultados rápidos, ela pode ser substituída antes das eleições de outubro. Até agora, porém, Lula resiste a essa troca e tem demonstrado apoio à ministra.
RUMO AO RECORDE HISTÓRICO
O Brasil ultrapassou os mil óbitos por dengue em 2024 no início de março. Segundo o Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, já são 1.078 mortes pela doença.
O painel mostra ainda 1.593 óbitos em investigação. O coeficiente de incidência da doença está em 1.353,1 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.
Mesmo com desaceleração, o Brasil se aproxima de recorde histórico. O número de mortes em 2024 é o terceiro maior já registrado desde o início da série histórica, em 2000. De acordo com o Ministério da Saúde, o recorde de óbitos ocorreu no ano passado, quando foram contabilizadas 1.094 mortes pela doença. Um ano antes, em 2022, foram registradas 1.053.
Os dados indicam ainda que 2.747.643 casos foram registrados até maio. É o maior número de casos em um ano desde 2000, quando o número começou a ser contado.
LUCAS BORGES TEIXEIRA / Folhapress