RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – “O trabalho não para”: com essa introdução, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates vem divulgando o andamento de obras da estatal nesta segunda-feira (8), em meio ao processo de fritura que sofre por ala do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Até cerca de 14h30, foram cinco publicações em redes sociais com esse título, mostrando obras em refinarias e estaleiros pelo Brasil. A dificuldade em deslanchar entregas para o presidente Lula é um dos argumentos dos opositores do executivo.
Em suas publicações, Prates mostra obras nas refinarias de Paulínia (SP), Cubatão (SP) e Ipojuca (PE), no Gaslub (antigo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ), que constrói módulos para a plataforma P-78.
“As obras estão em ritmo acelerado. Hoje a P-78 tem cerca de 3.500 pessoas trabalhando nos módulos”, diz em vídeo enviado a Prates um gerente da Petrobras identificado como Fadini. O presidente da Petrobras destaca que são cerca de 5.000 trabalhadores em obras da estatal no estaleiro.
A fritura de Prates ganhou força esta semana após entrevista do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, à Folha de S.Paulo, com críticas à abstenção do presidente da Petrobras na proposta de retenção dos dividendos extraordinários sobre o lucro de 2023.
Na quinta-feira (4), começaram a circular em Brasília rumores sobre troca no comando da estatal, com a substituição de Prates pelo presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante.
Ao mesmo tempo, fontes do governo vazaram informação de que os ministérios de Minas e Energia e da Casa Civil passaram a apoiar a distribuição de parte dos dividendos extraordinários, em um recuo em relação à posição inicial.
No domingo, Lula agendou reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para debater o futuro de Prates, mas o encontro foi cancelado após o vazamento da agenda e remarcado para o fim da tarde desta segunda.
Aliados de Prates veem um ataque coordenado para minar a confiança do presidente Lula no executivo e defendem que sua gestão apresentou resultados importantes, como as mudanças na política de preços dos combustíveis e de distribuição dos dividendos.
O presidente da Petrobras quer permanecer no cargo, mas sabe que a palavra final é de Lula. Espera convencer o presidente da República em reunião esta semana, ainda não agendada.
NICOLA PAMPLONA / Folhapress