SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Agentes da tropa de choque da Polícia Militar de São Paulo reforçam a segurança do 99º DP (Campo Grande), na zona sul de São Paulo, onde está detido Hélio Rodrigues dos Santos, apontado como elo entre a Transwolff empresa de ônibus investigada em operação contra lavagem de dinheiro e o PCC.
Segundo policiais ouvidos pela Folha de S.Paulo na manhã desta terça (9), os agentes temem que haja tentativa de resgate de Santos por parte da facção criminosa.
Ao menos dez policiais estão no interior da delegacia e na parte externa.
Santos é secretário da empresa Transwolff e foi preso em operação do Ministério Público e da Receita Federal contra lavagem de dinheiro em empresas de ônibus que operam linhas na capital paulista.
Na casa dele, foram encontradas joias, relógios valiosos e documentos que, segundo a polícia, continham provas de seu envolvimento com a criminalidade.
Ele deve passar por exame de corpo de delito nas próximas horas. Nenhum advogado foi apresentado para sua defesa até a publicação deste texto.
O Ministério Público de São Paulo realiza na manhã desta terça-feira (9) uma operação para cumprir quatro mandados de prisão e 52 de busca e apreensão contra dirigentes de duas empresas de ônibus da capital, a Transwolff e a Upbus.
As duas empresas de ônibus são responsáveis pelo transporte de ao menos 700 mil passageiros diariamente em São Paulo. Segundo o Ministério Público, o objetivo da operação é desarticular duas organizações que estariam lavando dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) proveniente do tráfico de drogas, roubos e outros crimes, de acordo com o Ministério Público.
Foram presos Luiz Carlos Efigênio Pacheco, dono da Transwolff, e Robson Flares Lopes Pontes, dirigente da Transwolff. Hélio Rodrigues dos Santos, secretário da empresa, foi preso em flagrante por porte ilegal de arma durante as buscas. O dono de um escritório de contabilidade também foi detido.
A Folha de S.Paulo acionou as empresas na manhã desta terça, mas até a publicação deste texto não houve manifestação. A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa dos presos.
A Operação Fim da Linha é realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público, Polícia Militar, Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e Receita Federal.
Foram expedidos quatro mandados de prisão preventiva e 52 mandados de busca e apreensão para 39 alvos pessoa física e 13 alvos pessoa jurídica. Desses, 41 alvos são da cidade de São Paulo e os demais são de Barueri, Cotia, Guarujá, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itaquaquecetuba, Itu, Mauá, Santana de Parnaíba, São Bernardo do Campo e São José dos Campos.
A Receita Federal, em investigações preliminares que subsidiaram a atuação do Ministério Público no caso, identificou a utilização de diversos esquemas tributários para lavagem de dinheiro do crime organizado. Entre os mecanismos estão integralizações de capital social de empresas com valores sem origem lícita, movimentações financeiras atípicas e distribuições de lucro desordenadas e sem lastro financeiro.
“Mesmo em anos em que registravam prejuízos, as empresas alvo da operação distribuíam dividendos milionários a seus sócios. Por exemplo, um dos sócios recebeu mais de R$ 14,8 milhões em dividendos entre 2015 e 2022, período em que a empresa teve um prejuízo acumulado de mais de R$ 5 milhões. A distribuição de dividendos, além de ‘esquentar’ o dinheiro ilícito, possibilitava o não pagamento de tributos pelos beneficiários, uma vez que esse tipo de rendimento é isento de imposto de renda”, explicou a Receita Federal.
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 600 milhões em patrimônio para garantir o pagamento a título de dano moral coletivo. Também determinou que a SPTrans assuma a operação das linhas administradas pelas duas empresas na zona leste da capital.
Iniciada nas primeiras horas da manhã, a operação mobiliza 64 integrantes do Ministério Público, 43 da Receita Federal, dois agentes do Cade e 340 policiais militares, além de agentes do setor de inteligência.
BRUNO LUCCA E FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress