SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A circulação de ônibus na cidade de São Paulo ocorre normalmente nesta quarta-feira (10), após intervenção da gestão Ricardo Nunes (MDB) nas empresas Transwolff e Upbus, que operam linhas de ônibus na zona sul e leste da capital paulista.
A duas empresas, segundo Ministério Público, são suspeitas de lavar dinheiro para o PCC (Primeiro Comando da Capital), provenientes do tráfico de drogas e outros crimes.
Com o início da Operação Fim da Linha coordenada pelo Ministério Público de São Paulo com a participação da Receita Federal e da Polícia Militar paulista, as duas empresas sofreram uma intervenção municipal. Elas serão administradas por diretores da SPTrans, nomeados por Nunes.
O órgão que gerencia o transporte público municipal afirmou que a “operação está normal em todas as linhas de ônibus da cidade”.
O sindicato dos motoristas de São Paulo também afirmou que a circulação ocorre normalmente.
A Polícia Militar reforça desde o começo das operações o patrulhamento preventivo na zona sul e nas garagens das empresas. A operação de segurança não tem data para acabar. Apesar de concentrada na região sul e nas garagens, a operação de segurança terá atuação em todo o território da capital. A ação, chamada de Impacto, tem como principal objetivo garantir o fluxo de veículos na cidade.
“Por experiência, sabemos que o crime organizado transmite informações, espalha boatos de que haverá intersecções nas redes, de que haverá queima de ônibus. Essa rede de boatos traz medo para a população e insegurança”, disse o comandante-geral da PM, coronel Cássio Araújo de Freitas. “Por conta disso, [iniciou-se a operação] já de uma forma preventiva já que não teve nenhum evento [violento].”
Operação realizada nesta terça-feira (9) prendeu quatro pessoas ligadas às empresas e afastou outras 21.
A Justiça determinou que a prefeitura assumisse as operações para garantir o serviço sem prejuízo à população.
Juntas, a Transwolff e a Upbus transportam ao menos 700 mil passageiros diariamente na capital paulista e que receberam mais de R$ 800 milhões de remuneração da Prefeitura de São Paulo em 2023, segundo a Promotoria.
SUSPEITAS ENTRE EMPRESAS E PCC JÁ FOI ALVO DE OPERAÇÃO
As suspeitas de ligação entre líderes da facção criminosa PCC e empresas de ônibus que prestam serviço na capital não são novas. Há dois anos, a Polícia Civil já havia feito operações contra companhias do ramo.
Segundo o delegado do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico) Fernando Santiago, responsável à época pela investigação, foram identificados 18 criminosos da facção criminosa com participação na empresa UPBus que foi alvo da operação desta terça.
Um desses chefes era Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, assassinado no final de 2021 no Tatuapé, zona leste paulistana, junto com o motorista Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. Outro sócio da empresa de ônibus, Cláudio Marcos de Almeida, o Django, foi morto no início de 2022.
Para a polícia, as mortes não têm ligação com a empresa de transporte e aconteceram por causa de uma dívida entre Fausta e outro criminoso.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress