SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O deputado federal Jilmar Tatto (PT) e o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Milton Leite (União Brasil), foram incluídos como testemunhas em investigação do Ministério Público sobre o envolvimento de empresas de ônibus que integram o sistema público de transporte da cidade com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Tatto era secretário de Transportes em 2015, na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT). Segundo a investigação, naquele ano houve lavagem de dinheiro do crime organizado por meio de duas concessionárias de ônibus, Transwolff e UPBus.
Leite já confirmou ter ligações com Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, dono da Transwolff e preso nesta terça-feira (9) acusado de lavagem de dinheiro do crime organizado pelo Ministério Público.
Em 2006, o vereador afirmou que a empreiteira Lisergo Construções, em que figura como um dos sócios, fechou contrato para reformar a garagem da Cooper-Pam, cooperativa de perueiros da zona sul, que teve Pandora como presidente entre 2003 e 2015.
Na época, o vereador afirmou que a obra foi orçada em cerca de R$ 7 milhões e que a cooperativa lhe devia R$ 3,5 milhões. Segundo ele, o contrato foi regular.
Ainda em 2006, Tatto também era secretário de Transportes da gestão Marta Suplicy (PT), e Pandora foi preso sob acusação de ligação da Cooper-Pam com o crime organizado.
Serão chamados também para depor como testemunhas quatro funcionários da Transwolff, um consultor em licitações e o atual diretor de Engenharia, Obras e Meio Ambiente da CPTM (Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos), Marcelo José Brandão Machado. Ele integrou a secretaria de Transportes de São Paulo como presidente da Comissão Especial de Licitação, em 2015.
Em relação à UPBus, 11 testemunhas foram incluídas no processo, entre elas, motoristas e funcionários, além de um auditor da Receita Federal.
Procurado, o deputado afirmou não ter sido notificado para prestar depoimento como testemunha, mas “se colocará à disposição para responder os questionamentos”. O presidente da Câmara e sua assessoria foram procurados por mensagem de celular no início da tarde desta quarta (10), mas não responderam.
A CPTM também foi acionada, mas como Machado não trabalhava na companhia na época, afirmou que não irá comentar.
Os promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo) querem detalhar a relação das testemunhas com as empresas investigadas.
MARIANA ZYLBERKAN E PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress