SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O padre Alexandre Paciolli, 55, preso no último dia 3 em Fortaleza, foi encaminhado para prisão domiciliar nesta quarta-feira (10).
Ele estava preso preventivamente após um pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro, que o denunciou por importunação sexual e estupro. A reportagem tentou contato com a defesa de Paciolli na noite desta quarta, mas não obteve retorno.
A defesa de Paciolli havia solicitado a prisão domiciliar alegando que o padre necessita de repouso, cuidados de higiene e fisioterapia devido a uma cirurgia de grande porte realizada no dia 20 de março, e a juíza Simone Dalila Nacif Lopes acatou o pedido.
Na decisão, a magistrada afirma que, apesar de o acusado responder por crime grave, “supostamente praticado mediante abuso de fé alheia, o fato não tem capacidade de gerar sua prisão preventiva de forma automática”.
“Diante da gravidade do procedimento realizado no requerente, a prisão deve ser convertida em domiciliar, aplicando-se o princípio humanitário constitucional”, afirmou a juíza. A reportagem também teve acesso ao alvará de soltura expedido no início da noite desta terça.
Agora em prisão domiciliar, o padre precisa seguir cinco medidas cautelares: comparecimento mensal ao juízo de sua residência para justificar e comprovar o endereço; fica proibido de se ausentar da região em que vive sem autorização prévia; deve comparecer a todos os atos judiciais com cópia da decisão; deve apresentar mensalmente um relatório médico detalhado e atualizado que ateste o estado de saúde; fica proibido manter contato com a vítima e testemunhas por qualquer meio de comunicação.
No caso do descumprimento de alguma das medidas impostas, o padre poderá novamente ser preso preventivamente.
Procurado, o Me Too Brasil disse lamentar a concessão da prisão domiciliar para o líder religioso. A ONG, que acompanha a mulher que fez a denúncia, afirma que a medida “prejudica o bem-estar emocional e psicológico da vítima, colocando-a em risco de intimidação, e alerta para a possibilidade de fuga do acusado”.
Paciolli exerceu funções como reitor da Igreja da PUC-RJ e foi responsável pela Igreja de São José, na zona sul do Rio, além de ter sido apresentador de programas na TV Canção Nova. Após a prisão, ele foi afastado pela Arquidiocese do RJ, e a PUC-RJ criou uma comissão para receber denúncias contra o padre.
O religioso é suspeito de ter cometido os crimes contra uma mesma mulher em agosto de 2022 e janeiro de 2023, em Nova Friburgo. A denúncia foi feita pela Promotoria de Justiça de Investigação Penal da cidade.
Segundo a denúncia do Ministério Público, o padre aproveitava a ingenuidade e a fé da vítima para praticar atos libidinosos. “Tendo o denunciado como seu sagrado protetor, (a vítima) não conseguiu oferecer resistência”, diz a Promotoria.
Eventuais vítimas do religioso são orientadas a procurar o Ministério Público do Rio de Janeiro para que novas investigações sejam realizadas.
O Me Too Brasil afirma que também está disponível para ajudar outras possíveis vítimas de Paciolli com suporte jurídico, psicológico e socioassistencial, por meio do telefone 0800 020 2806 ou no site da organização.
ISABELLA MENON / Folhapress