Laura Amaro vai da brincadeira na rua às Olimpíadas, com escala na neve

RIO DE JANEIRO, RJ E SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Laura Amaro carimbou passaporte para Paris e vai participar dos primeiros Jogos Olímpicos de verão da carreira. Ao celebrar a vaga, a atleta do levantamento de peso lembrou a trajetória no esporte, que começou ainda nas ruas de Cascadura, zona norte do Rio de Janeiro, e teve até uma passagem na neve.

“Muito especial essa classificação. A expectativa é de me divertir, ver o espírito olímpico que cresceu comigo desde quando eu brincava nas ruas da zona norte do Rio, foi tomando forma primeiro com a Olimpíada da Juventude de Inverno, e hoje eu consigo ir para a minha primeira Olimpíada principal”, disse Laura Amaro.

A atleta do Time Petrobras começou no levantamento de peso cedo, em um projeto social ligado à Marinha, na Vila da Penha, na mesma região onde cresceu. “Cria de verdade” do Rio, como gosta de falar, indica que criou um “repertório motor” na rua onde “todo mundo brincava de tudo”.

Ela admite que a modalidade demorou a ganhar seu coração, que batia mais forte quando ela tinha a bola nos pés. Porém, se tornou uma “paixão à primeira competição”, se assim pode classificar.

“Na verdade, eu não gostava, jogava futebol. Quando comecei no levantamento de peso, fui mais ali pelos meus pais, sabendo da oportunidade. Mas quando eu competi pela primeira vez, senti a adrenalina de levantar um peso em cima da cabeça. E aí me apaixonei por esse desafio. É uma modalidade que é pouco comum, um pouco escondida”, contou ao UOL durante o Prêmio Brasil Olímpico.

Carlos Aveiro, treinador dela, logo observou que, ali, poderia surgir uma nova expoente do esporte. “No meu primeiro treino, meu treinador chegou e falou: ‘Fica, você vai ser uma campeã’. Meus pais sabiam da perspectiva e insistiram um pouco. Depois, fui para a minha primeira competição e foi quando eu realmente gostei de verdade. Mas o meu treinador já tinha me identificado como um talento nos primeiros dias de treino”.

Laura já atuava no levantamento de peso quando, aos 14 anos, participou das Olimpíadas da Juventude de Inverno de 2016. Ela se arriscou no skeleton, modalidade em que a atleta desce uma pista de gelo deitada de bruços em um trenó.

Aquela foi a primeira viagem de avião e primeira experiência internacional da jovem, que viu crescer nela o espírito olímpico. Não à toa, o bolo de aniversário da debutante Laura tinha uma boneca com pesos e uma outra em trenó.

O caminho, porém, não foi na neve, e ela focou no levantamento de peso. Os músculos, que antes causavam uma certa vergonha, viraram motivo de orgulho.

Os braços definidos foram responsáveis pela medalha de bronze no Pan de Santiago, no ano passado, na categoria até 81 kg. Na terça (9), Laura levantou, na soma, 253 kg na etapa da Copa do Mundo em Phuket, na Tailândia, que a fez garantir vaga em Paris – foi o recorde dela, que tinha 247 kg como melhor marca até então.

“É um esporte muito lindo e muito bonito com a representatividade que tem. Agora que tem muito mais mulheres, muito mais mulheres conscientes do que essa mulher que levanta peso. Então a gente está atingindo cada vez mais o nosso espaço”, festejou.

ALEXANDRE ARAUJO E PAULO FAVERO / Folhapress

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