SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira continuou sua trajetória de queda nesta quinta-feira (11), ainda impactada pelos últimos dados econômicos dos Estados Unidos e sob pressão adicional de novos números do varejo doméstico. Investidores também repercutiram a decisão de política monetária do BCE (Banco Central Europeu), que manteve inalterados os juros básicos da região nesta manhã.
“O Ibovespa sentiu mais uma vez o peso da alta dos juros futuros. As vendas no varejo em fevereiro reforçaram a força da atividade econômica e, mesmo após o IPCA mais fraco revelado ontem, ajudou na reprecificação já em curso nos contratos futuros de juros, que embutem uma maior chance de desaceleração do ritmo ou até mesmo uma pausa na queda da Selic próximo do patamar de 10% ao ano”, afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
O volume de vendas do varejo registrou crescimento de 1% em fevereiro, na comparação com janeiro, indicam dados divulgados nesta quinta pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com o resultado, o setor renovou o recorde de uma série histórica iniciada em 2000. A máxima anterior havia sido alcançada em outubro de 2020.
O avanço de 1% veio bem acima das projeções de analistas do mercado financeiro. A expectativa era de queda de 1%, de acordo com pesquisa da agência Reuters.
Pesou contra o Ibovespa, ainda, um recuo nas ações da Petrobras, em dia de baixa do petróleo no exterior.
Ao fim do dia, o Ibovespa fechou em queda de 0,51%, aos 127.396 pontos, segundo dados preliminares.
Já o dólar teve leve alta de 0,23%, cotado a R$ 5,089, após um relatório do Departamento do Trabalho americano que mostrou que o índice de preços ao produtor nos EUA subiu menos que o esperado. Com isso, a moeda americana renovou seu maior valor desde outubro de 2023.
O índice de preços ao produtor americano avançou 0,2% na comparação mensal em março, contra aumento de 0,3% esperado por economistas consultados pela Reuters. Anualmente, a alta foi de 2,1%, contra expectativa de 2,2%.
Um participante do mercado disse que o alívio dos agentes financeiros nesta sessão com o dado vem menos por otimismo em relação a seu impacto na perspectiva de política monetária e mais pelo fato de “não piorar” um ambiente abalado por surpresas para cima na inflação ao consumidor.
Na véspera, dados mostraram que o índice de preços ao consumidor dos EUA aumentou 0,4% no mês passado, depois de avançar pela mesma margem em fevereiro. Nos 12 meses até março, o índice aumentou 3,5%. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice subiria 0,3% no mês e 3,4% na base anual.
“Com a inflação apresentando piora, a expectativa do mercado de início do corte de juros pelo Fed em junho diminui, o que impacta diretamente os ativos de risco pelo mundo”, disse a Genial Investimentos em nota a clientes.
Falas de autoridades do Fed ao longo do dia reforçaram recado de que não há pressa em cortar os juros. O presidente do Fed de Nova York, John Williams, disse que “as perspectivas futuras são incertas e precisaremos continuar dependentes dos dados”.
Já o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, disse que os últimos dados de inflação mostram que o banco central “ainda não está onde queremos”, enquanto a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, afirmou que a força da economia dos EUA e o recuo desigual da inflação são argumentos contrários a um impulso de curto prazo para reduzir a taxa básica de juros.
No fim da tarde o dólar também sustentava leves altas ante outras divisas de emergentes e exportadores de commodities, como o peso colombiano e o peso chileno, mas recuava ante moedas como o dólar australiano e o peso mexicano.
Na zona do euro, o BCE manteve as taxas de juros em níveis recordes, conforme esperado, mas sinalizou que em breve poderá começar a cortá-las, mesmo com os investidores questionando se a inflação persistente dos EUA impedirá o Federal Reserve de seguir o mesmo caminho.
Redação / Folhapress