(UOL/FOLHAPRESS) – A Fórmula 1 está voltando para a China depois de cinco anos por conta de uma série de cancelamentos devido à pandemia da covid-19 e tanta coisa mudou de 2019 para cá que este será um final de semana que vai testar a capacidade de aprendizado de pilotos e equipes. Até porque este será o primeiro GP com sprint da temporada e isso significa que, ao invés de 3h de treinos livres, eles terão apenas uma hora de preparação e já partem para a classificação.
As equipes costumam enviar funcionários para checar as condições da pista quando ficam muito tempo sem ir a determinado circuito ou quando se trata de um evento novo. E as informações que chegam é de que o asfalto está muito mais ondulado do que em 2019. E isso é muito mais difícil de se lidar com os carros atuais, que precisam andar mais baixos, do que era no passado.
Isso traz um problema importante: se os carros baterem muito no solo, há o risco de desgaste acelerado da prancha de legalidade, aquela mesma que causou a desclassificação de Charles Leclerc e Lewis Hamilton no GP dos EUA de 2023 que, não coincidentemente, foi um final de semana de sprint em um circuito ondulado.
“Falamos na reunião de pilotos que, com esse tipo de carro, quando eles colocam só um treino livre em uma pista que pode ser complicada por conta do desgaste do assoalho e coisas do tipo, não é uma boa escolha”, revelou Carlos Sainz.
O único alento é que houve uma mudança no regulamento das sprints neste ano e os carros podem ser alterados após a corrida curta. Antes, tinham que ter a mesma configuração desde que saíam para a pista pela primeira vez no sprint shootout (a classificação da sprint).
ENTENDER O ASFALTO SERÁ FUNDAMENTAL
Tem também os pneus, que eram de aro 13 e agora são aro 18, são muito mais rígidos, e ao mesmo tempo têm mais borracha em contato com o asfalto, o que dá mais aderência. E os compostos mudaram bastante também.
“O grande problema para mim será o asfalto porque nós não sabemos qual será o nível de abrasividade e acho que essa será a chave para o final de semana”, disse Fred Vasseur, chefe da Ferrari, que chamou a atenção para um ponto importante. “O que é difícil com esse formato é que, por conta da alocação de pneus, você tem que escolher qual tipo de composto vai usar no treino livre. Então a antecipação do final de semana será importante.”
A Pirelli leva três compostos de pneus para cada corrida e dois jogos de pneus são devolvidos após o primeiro treino livre. Então, as equipes acabam escolhendo esses dois compostos que vão devolver para fazer suas simulações. Um deles sempre acaba sendo o macio por conta da classificação. Mas tanta coisa mudou desde que a F1 foi para China a última vez que é difícil entender o que vai acontecer na corrida.
FERRARI PODERÁ PRESSIONAR A RED BULL NA CHINA?
Os possíveis erros de configuração no carro que podem ser o resultado dessa combinação entre as diversas variáveis que as equipes não controlam muito bem após cinco anos sem ir à China e o final de semana de sprint explicam por que a Ferrari desconversa quando os rivais apontam a possibilidade de o carro italiano colocar pressão na Red Bull neste fim de semana.
Vasseur reconhece que as temperaturas mais baixas que costumam marcar o GP da China seriam uma boa notícia para o time italiano. E Fernando Alonso lembrou que, em pistas nas quais os pneus dianteiros se desgastam antes que os traseiros – o que sempre foi uma característica muito marcante em Xangai – a Ferrari se aproxima bastante da Red Bull.
Perguntado pela reportagem sobre essa previsão, Charles Leclerc ficou pensativo. “Não sei, acho que o cenário será parecido ao do Japão, em que a Red Bull ainda tem vantagem e nós somos a segunda melhor equipe. E a McLaren não está longe da gente, então veremos.”
PILOTOS FORAM CONTRA SPRINT NO GP DA CHINA
Os pneus são diferentes, a pista deve estar diferente, os carros também mudaram bastante de 2019 para cá, com a estreia de um novo regulamento em 2022. E há ainda a lista de pilotos que nunca correu no circuito de Xangai.
Ela, na verdade, não é tão grande quanto era de se imaginar passados cinco anos. Yuki Tsunoda, Oscar Piastri, Logan Sargeant e o dono da casa, Zhou Guanyu.
Os ingressos para a volta da F1 na China estão esgotados há alguns meses, mas o número de entradas disponíveis é bem inferior ao de outros GPs, mesmo com que as dimensões do circuito permitam que se coloquem mais arquibancadas. E esse será outro ponto interessante: será o primeiro GP da China desde que a categoria virou tema de série da Netflix, então será possível ver se o “Dirigir para Viver” teve impacto neste grande mercado que a categoria busca conquistar há duas décadas.
JULIANNE CERASOLI / Folhapress