Israel vai tomar as próprias decisões sobre resposta ao Irã, diz Netanyahu

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Enquanto líderes de países ocidentais pedem moderação a Israel após o ataque com mísseis e drones do Irã, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu afirmou nesta quarta-feira (17) que Tel Aviv vai tomar as “próprias decisões” na crise que ameaça um conflito mais amplo no Oriente Médio.

A declaração ocorreu no momento em que o gabinete de guerra israelense discute, já há quatro dias, como será a resposta à ofensiva de Teerã.

Os Estados Unidos, a União Europeia e os países do G7, o grupo que reúne as principais economias do mundo, anunciaram planos para impor sanções mais rígidas ao regime iraniano com o objetivo de apaziguar e persuadir a coalizão liderada por Netanyahu a evitar o endosso a um ataque direto ao Irã.

Também como parte dos esforços para arrefecer a crise, os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, e da Alemanha, Annalena Baerbock, encontraram-se nesta quarta com Netanyahu, em Tel Aviv, onde manifestaram apoio, mas reforçaram os pedidos de “prudência” em uma eventual retaliação.

“Quero deixar claro que tomaremos nossas próprias decisões e que o Estado de Israel fará tudo o que for necessário para se defender”, respondeu Netanyahu, segundo comunicado divulgado por seu gabinete.

A repórteres Baerbock disse que o agravamento do conflito não serviria a ninguém. “Nem à segurança de Israel, nem às muitas dezenas de reféns que ainda estão nas mãos do Hamas, nem à sofrida população de Gaza, nem às pessoas no Irã que estão sofrendo sob o regime, nem aos outros países da região que simplesmente querem viver em paz.”

Os apelos por moderação ocorreram enquanto o gabinete de guerra de Israel se encontrava pelo quarto dia consecutivo, nesta quarta, numa tentativa de tentar definir como será a resposta ao Irã. Militares israelenses confirmaram que o país irá retaliar, mas diferentes propostas de ação continuam à mesa. Segundo a imprensa israelense, a intenção de Tel Aviv é fazer ações coordenadas com os EUA, sem desencadear uma guerra regional.

Washington diz que está planejando impor novas sanções contra o programa de mísseis e drones do Irã nos próximos dias e espera que seus aliados sigam o exemplo. Os líderes da UE devem discutir o assunto em uma cúpula em Bruxelas, e as medidas também estão na pauta das negociações do G7 na Itália.

Teerã lançou no último sábado (13) um ataque sem precedentes contra Israel em resposta ao bombardeio à embaixada iraniana em Damasco, na Síria, que matou membros da Guarda Revolucionária do Irã, em 1º de abril —o regime iraniano responsabiliza Tel Aviv, que não assumiu autoria.

Os cerca de 300 mísseis e drones iranianos foram, em sua maioria, interceptados pelas forças israelenses e aliados. Tel Aviv, porém, diz que responderá à ofensiva para preservar a credibilidade de seus meios de dissuasão. Já o regime iraniano afirma considerar o assunto encerrado, mas ameaça realizar um novo ataque a depender da resposta de Israel.

Desde o início da guerra Israel-Hamas, em outubro do ano passado, as forças israelenses relatam escaramuças diárias com grupos alinhados ao Irã baseados no Líbano, na Síria, no Iêmen e no Iraque.

Também nesta quarta, o Hamas divulgou um comunicado em que afirma que o ataque iraniano a Israel foi “legítimo e merecido”. Segundo o grupo terrorista, a ofensiva de Teerã “confirma que o tempo em que a entidade sionista podia fazer o que quisesse sem responsabilização ou punição acabou”.

Em Gaza, quase 34 mil palestinos já foram mortos desde o início do conflito, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Na terça (16), o escritório de direitos humanos da ONU disse que Israel continua a impor restrições ilegais à ajuda humanitária para a Faixa de Gaza e declarou que o auxílio ainda está muito abaixo dos níveis mínimos.

Sob pressão internacional, os militares israelenses disseram nesta quarta que caminhões de alimentos entraram no território palestino a partir do porto de Ashdod pela primeira vez desde que Tel Aviv aprovou a abertura do local para ingresso de ajuda humanitária. Os veículos passaram por verificações de segurança no porto e depois foram admitidos em Gaza através da passagem de Kerem Shalom, controlada por Israel.

No início do mês, Netanyahu foi cobrado por Joe Biden para apresentar medidas “específicas, concretas e mensuráveis” para aliviar o sofrimento de civis no território palestino. Israel então prometeu, além da retomada do uso de Ashdod, reabrir a passagem de Erez, no norte da Faixa de Gaza, e autorizar o aumento do fluxo de ajuda da Jordânia por meio de Kerem Shalom. Quase duas semanas depois, a promessa ainda não foi plenamente cumprida.

Redação / Folhapress

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