Dubai tenta voltar à normalidade após alagamentos causados por chuva histórica

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dubai, cidade no meio deserto que se orgulha de seu futurismo, estava ocupada nesta quinta-feira (18) limpando estradas e secando casas inundadas dois dias após uma tempestade recorde.

O Aeroporto Internacional de Dubai, um dos mais movimentados do mundo, lutava para normalizar os voos acumulados e muitas estradas ainda estavam alagadas.

Na última terça-feira (16), choveu o equivalente a um ano em 24 horas, nas tempestades mais intensas já registradas nos Emirados Árabes Unidos nos 75 anos em que os registros são mantidos. Elas paralisaram grande parte do país e causaram danos significativos.

Inundações deixaram residentes ilhados em casa e no trabalho e interromperam o trânsito, forçando pessoas a abandonarem carros submersos. A água invadiu diversas casas e imagens circularam nas redes sociais da chuva vertendo do teto de shoppings.

“Minha sala inteira está tipo… todos os meus móveis estão flutuando”, contou à Reuters Rinku Makhecha, que teve a casa recém-reformada, para a qual se mudou há duas semanas, inundada.

Nesta quinta, o trânsito ainda estava bastante prejudicado. Uma rodovia em Dubai foi reduzida a uma única faixa de sentido único, enquanto a principal estrada que conecta a cidade à capital Abu Dhabi foi fechada no sentido Abu Dhabi.

“Foi como uma invasão alienígena”, disse Jonathan Richards, um britânico que mora na cidade. “Acordei naquele dia com pessoas em caiaques com cachorros, gatos, malas do lado de fora da minha casa.”

Nas ruas de Dubai, alguns veículos, incluindo ônibus, podiam ser vistos quase totalmente submersos. Longas filas se formaram nos postos de gasolina e as estradas para as comunidades mais afetadas seguiam alagadas.

O aeroporto de Dubai ainda não havia retomado a operação normal depois que a tempestade inundou as pistas, forçando desvios e atrasos, além do cancelamento de 1.244 voos.

O Diretor de Operações Aeroportuárias de Dubai, Majed Al Joker, disse à TV Al Arabiya que esperava que o aeroporto atingisse 60 a 70% de sua capacidade até o final da quinta-feira e voltasse à capacidade operacional total dentro de 24 horas.

Devido à inundação das estradas e à superlotação, a administração lutava para levar comida aos passageiros retidos.

EVENTO CLIMÁTICO EXTREMO

A tempestade atingiu o vizinho Omã no domingo (14), causando ao menos 20 mortes, e chegou aos Emirados Árabes dois dias depois, deixando uma vítima fatal.

Ambos os países atingidos nesta semana carecem de sistemas de drenagem para lidar com chuvas intensas, e o alagamento de estradas não é incomum durante as precipitações –como em outro episódio recente de caos em Dubai, em março deste ano.

Chuvas são raras nos Emirados Árabes Unidos e em outros lugares da Península Arábica, que é conhecida por seu clima desértico seco. As temperaturas do ar no verão podem ultrapassar os 50°C.

Após os eventos de terça-feira, surgiram questionamentos se a semeadura de nuvens, um processo frequentemente realizado pelos Emirados Árabes para aumentar a precipitação, poderia ter causado as fortes chuvas. O órgão do governo emiradense que supervisiona o programa negou ter realizado quaisquer operações desse tipo antes da tempestade.

Especialistas em clima culpam o aquecimento global por eventos climáticos extremos como esse.

Pesquisadores preveem que as mudanças climáticas levarão a temperaturas mais altas, aumento da umidade e maior risco de inundações em partes da região do Golfo. Países como os Emirados Árabes, onde há falta de infraestrutura de drenagem para lidar com chuvas intensas, podem sofrer mais.

O presidente, Sheikh Mohammed bin Zayed Al Nahyan, disse em um comunicado que ordenou às autoridades avaliar os danos e fornecer apoio às famílias impactadas pela tempestade.

O príncipe Herdeiro de Dubai, Sheikh Hamdan bin Rashid Al Maktoum, disse no X que a segurança dos cidadãos, residentes e visitantes era a prioridade máxima.

“Em uma reunião com autoridades do governo em Dubai, estabelecemos diretrizes para preparar planos abrangentes em resposta a crises naturais, como as atuais condições climáticas inesperadas”, disse ele.

Redação / Folhapress

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