Unifesp demite mulher do ex-ministro Weintraub por abandono de cargo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) demitiu Daniela Baumohl Weintraub, mulher do ex-ministro de Educação Abraham Weintraub, por abandono de cargo e faltas injustificadas. A demissão foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (26).

Weintraub e a esposa foram alvo de apurações após denúncia de que recebiam remuneração sem ter trabalhado entre o final de 2022 e o início de 2023. Em agosto de 2023, os dois tiveram os salários suspensos pela universidade.

A Folha de S.Paulo entrou em contato com o advogado dos Weintraub, mas não teve resposta até as 10h40 desta sexta-feira.

Professora do Departamento de Ciências Atuariais, Daniela deveria cumprir jornada de trabalho de 40 horas semanais. Após o encerramento do prazo de uma licença para tratamento de saúde, ela deveria ter retornado ao trabalho no fim de novembro de 2022, o que não aconteceu. Ela continuou a receber salários nos meses de janeiro e fevereiro do ano passado.

O ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) também foi alvo de uma apuração por não ter voltado ao trabalho. Professor do curso de ciências contábeis no campus de Osasco, Weintraub está morando nos Estados Unidos e não compareceu à universidade no último semestre de 2022 para dar aulas. Ainda assim, recebeu salário nos meses de dezembro de 2022 e de janeiro, fevereiro e março de 2023.

Em fevereiro, a CGU (Controladoria-Geral da União) determinou a demissão de Weintraub do cargo na Unifesp. A decisão inclui ainda o impedimento de indicação, nomeação ou posse do ex-ministro em cargos efetivos ou em funções de confiança no governo federal pelo período de oito anos.

Weintraub e a esposa defendem que solicitaram novas licenças de trabalho, que foram negadas pela universidade por “vingança ao ex-ministro”. Em nota enviada à Folha de S.Paulo em dezembro do ano passado, a defesa do casal se disse vítima de “perseguições e ameaças.

A gestão de Weintraub no Ministério da Educação foi marcada por cortes de orçamento e ataques às universidades federais do país. Ele acusou instituições de ensino de promoverem “balbúrdia” e disse que elas tinham plantações de maconha, sem nunca ter apresentado provas.

O ex-bolsonarista, hoje um crítico do governo de que participou, ficou 14 meses no ministério e foi demitido por Bolsonaro em junho de 2020, após insultar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Depois de demitido, ele assumiu um cargo de direção no Banco Mundial, nos Estados Unidos, o que garantiu afastamento da universidade até outubro de 2022.

ISABELA PALHARES / Folhapress

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