SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As obras do estádio do Pacaembu deverão ficar prontas até 29 de junho deste ano. Esse é o prazo previsto no cronograma da Allegra, que detém a concessão do estádio por 35 anos.
O contrato entre Prefeitura de São Paulo e Allegra foi firmado em 2019 e é válido até 2054. Tais obras foram iniciadas em junho de 2021 e, a princípio, ficariam prontas em outubro do ano passado. No entanto, o estádio não foi entregue nem para receber a final da Copa São Paulo em janeiro deste ano.
A decisão do torneio teve que ser realizada na Neo Química Arena, a casa do Corinthians, na zona leste da capital.
O novo prazo foi informado por Rafael Carvalho, diretor da Allegra, em uma mesa técnica no TCM (Tribunal de Contas do Município) nesta terça-feira (30). Ele culpou o atraso às intervenções emergenciais e disse estimar que, somente no começo de 2025, o “Pacaembu esteja 100% operacional”.
Além do campo, a empresa pretende entregar até o final de junho o complexo da piscina olímpica e a central de quadra de tênis. “O problema hoje é atrelado ao ginásio poliesportivo com data [de conclusão] no final de agosto. Encontramos uma situação bastante dramática e com risco de colapso na estrutura”, disse Carvalho.
Em sua apresentação, Carvalho adiantou que a Allegra não fará nenhum evento-teste após a tentativa frustrada com o show de Roberto Carlos, no dia 19 de abril.
A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) vetou a apresentação para 3.000 pessoas depois de vistorias do Corpo de Bombeiros. O show marcaria a inauguração de uma arena no Pacaembu.
O veto contrariou a empresa, que rebateu a decisão prefeitura e disse que não havia motivos para o cancelamento do show. “A concessionária vai seguir e acatar as orientações da prefeitura, do Corpo de Bombeiros”, prometeu Carvalho, nesta terça.
O único evento-teste, segundo ele, deverá ser uma feira de artes no início de junho e sem a perspectiva de grande público.
“O nosso objetivo com esses dois eventos [um show realizado por Gal Costa e a apresentação de Roberto Carlos cancelada] era conseguir, mesmo com obras, receber o público. A prioridade tem que ser a sequência das obras conforme previsto no contrato de concessão”, afirmou o diretor da Allegra.
Na reunião, o conselheiro Domingos Dissei, relator da mesa técnica, lamentou os entraves do Pacaembu para voltar a receber eventos. “Tivemos o atraso na Copinha e depois o do show de Roberto Carlos, essa imagem não é boa para nossa cidade”, afirmou Dissei.
O objetivo da mesa técnica, de acordo com o tribunal, é para que a concessionária e a gestão Nunes apresentassem explicações sobre o complexo. “O processo de análise de execução contratual intensificará a rotina de visitas ao local, que agora passam a acontecer semanalmente”, diz o TCM.
Ao longo da mesa técnica, o representante da Allegra fez aceno após as rusgas com a gestão Nunes e reiterou que a empresa está satisfeita com a concessão.
O relacionamento entre empresa e prefeitura vem sendo testado desde 2022, quando Nunes recusou alguns pedidos da Allegra, sobretudo o de ceder à concessão a praça Charles Miller que fica em frente ao estádio, como forma de mitigar prejuízos em decorrência da pandemia de Covid-19.
Na ocasião, a Allegra afirmou que teve um prejuízo de R$ 22 milhões por três fatores: impossibilidade de realizar eventos durante a pandemia, erros no cálculo do tamanho do terreno e atrasos na emissão de licenças, autorizações e alvarás.
A prefeitura, então, argumentou que a pandemia não deve ser motivo para aprovar um reequilíbrio econômico-financeiro no contrato. Também disse que a Allegra teve receita com a operação do estádio nos últimos anos e que a responsabilidade por elaborar estudos no terreno é da concessionária antes de concorrer na licitação, a empresa assinou um termo declarando ter pleno conhecimento das condições da área.
CARLOS PETROCILO / Folhapress