SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Moody’s eleva perspectiva do Brasil, decisão de Musk atrapalha plano de Biden e o que importa no mercado.
*SINAL POSITIVO*
A agência de classificação de risco Moody’s Ratings elevou a perspectiva do Brasil de “estável” para “positiva” nesta quarta-feira (1º).
A nota do país se manteve em “Ba2”, a dois níveis do cobiçado grau de investimento.
A mudança de agora é a primeira feita pela Moodys na perspectiva da nota brasileira desde 2018, quando ela passou de “negativa” para “estável”.
Reação: Fernando Haddad (Fazenda) disse que a melhora na perspectiva da nota brasileira é resultado do trabalho dos Três Poderes, em mais um sinal de afago ao Congresso.
O que explica a atualização: o crescimento real do PIB nos anos pós-pandemia e as reformas estruturais colocadas em prática pelos últimos governos, afirmou a agência. Entre elas, a Moodys cita:
↳ O arcabouço para a política monetária do país como a lei que garante a autonomia do Banco Central;
↳ A melhora da governança de empresas estatais com a aprovação de legislação;
↳ A digitalização financeira;
↳ A reforma trabalhista;
↳ A revisão do regime tributário.
Sim, mas Os riscos fiscais do país fizeram a agência manter inalterada a nota de classificação do país. A instituição citou como justificativa a força fiscal “ainda relativamente fraca” e o elevado nível de endividamento brasileiro.
Entenda a classificação de risco: as agências Fitch S&P e Moodys seguem denominações semelhantes para avaliar a nota de crédito dos países.
Elas partem de CC (ou Ca, para a Moodys), passando por CCC-, CCC, CCC+, B-, B, B+… e assim por diante até chegar ao grau de investimento, que é do BBB- ao AAA.
O nível atual do Brasil é o mesmo para as três agências (BB e Ba2), que coloca o país a dois degraus de atingir o selo de bom pagador, perdido em 2015.
Por que importa: esse tipo de classificação é levado em conta, por exemplo, como critério de investimento de grandes fundos do exterior alguns gigantes só colocam dinheiro em países com grau de investimento
*PODERIA SER PIOR*
Dos males, o menor. Esse foi o tom da análise do mercado sobre o pronunciamento de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, BC americano), após a decisão que manteve os juros parados nos EUA entre 5,25% e 5,5% algo que já era sabido.
Entenda: apesar de ser uma aposta minoritária entre os analistas, havia o temor de que o Fed pudesse voltar a subir os juros no país em reação aos últimos dados da inflação e economia americana.
Powell descartou esse cenário: “Acho improvável que a próxima mudança seja um aumento [nas taxas]”.
Mas o presidente do Fed manteve sua posição conservadora acerca da queda de juros nos EUA:
“Provavelmente levará mais tempo para ganharmos confiança de que estamos em um caminho sustentável em direção à inflação de 2%”.
Enquanto Powell falava nesta quarta, as bolsas dos EUA subiram, mas terminaram quase estáveis. No mercado, a maioria segue apostando entre um ou dois cortes neste ano.
Por que importa: uma política monetária mais apertada nos EUA deixa os títulos do Tesouro americano em patamar atrativo por mais tempo. Isso fortalece o dólar contra outras moedas e tira força das Bolsas.
*DECISÃO DE MUSK RESPINGA EM GOVERNO E RIVAIS*
A decisão de Elon Musk de demitir os responsáveis pela unidade de carregadores elétricos da Tesla não deve afetar só os donos de carros da montadora.
Seu impacto deve resvalar também sobre motoristas de outras marcas e até no plano do presidente americano Joe Biden de incentivar a eletrificação de automóveis no país.
Entenda: com o fim da unidade responsável pela rede de recarga Supercharger, Musk indicou no X (ex-Twitter) que a companhia “se concentrará em 100% de disponibilidade e expansão de locais existentes”.
↳ Isso atrapalha uma parceria que a companhia firmou no ano passado com o governo americano e outras montadoras para expandir a rede da Tesla considerada a mais completa dos EUA.
↳ O objetivo do governo Biden é construir uma rede nacional de meio milhão de carregadores de carros elétricos. Para isso, ela está distribuindo US$ 7,5 bilhões (cerca de R$ 39 bilhões) para as empresas.
Faça o que eu digo O próprio Musk afirmou no ano passado que a Tesla ia acelerar a expansão de sua rede de recarga para “ajudar outras empresas de automóveis a acelerar a revolução de veículos elétricos”.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress