SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O que falta para o sonho da Embraer de desafiar Airbus e Boeing virar um plano. Explicamos como fator Ozempic começa a ser visto como um risco na Dinamarca.
Novo voo da Embraer?
A Embraer avalia desafiar diretamente Airbus e Boeing no mais rentável e concorrido nicho do mercado de aviação comercial do mundo. A intenção foi relatada em reportagem do Wall Street Journal.
Qual seria o plano? Produzir aeronaves “narrow body”, com mais assentos do que as fabricadas atualmente pela empresa brasileira. Hoje, a Embraer opera com aeronaves regionais e as small narrow-body.
Aviões narrow body partem de 172 assentos, caso do Boeing 737 MAX 7;
O maior modelo da Embraer, o E195-E195, carrega 146 passageiros.
Sim, mas Como escreve o repórter Igor Gielow, para o plano entrar no campo da realidade, contudo, falta o principal: dinheiro.
↳ Em nota, a Embraer disse não ter planos imediatos de investimento.
↳ O WSJ publicou que a empresa teria consultado eventuais investidores como o fundo de investimento público da Arábia Saudita e empresas de peças na Turquia, Índia e Coreia do Sul.
↳ Nosso plano é em um ano e meio, dois anos, estarmos prontos para termos um novo caso de negócios, afirmou o CEO, Francisco Gomes Neto, em entrevista ao Brazil Journal.
Entenda: a engenharia da Embraer é reputada como um das melhores do mercado, e era o objetivo principal da fusão cancelada de forma polêmica pela Boeing em 2020. A empresa fez seu nome como líder mundial de aviação regional nos EUA e agora mira o mercado do Oriente.
Ela aumentou a presença na região, onde tem seus aviões operados por cerca de 20 linhas aéreas;
As rotas com alta densidade da região, contudo, podem demandar aviões com maior capacidade.
Mais sobre Embraer: o BNDES deve financiar a construção de seis aeronaves “Super Tucano” para a força aérea do Paraguai. A operação, de US$ 100 milhões (R$ 511 mi), foi acertada nesta quinta (2).
Fator ou risco Ozempic?
Dona do Ozempic, a Novo Nordisk tem gerado efeitos (até agora só positivos) na economia da Dinamarca, país onde a empresa foi criada há mais de 100 anos. O boom do medicamento para emagrecer salvou o crescimento dinamarquês, que estaria estagnado sem a contribuição da gigante farmacêutica.
Pulga atrás da orelha: os dados positivos da empresa (não são pouco, como você verá abaixo) são celebrados, mas a dependência do país em relação à ela começa a ser questionada por economista.
Em números:
A companhia ajudou o país a crescer 4% em 2023;
A conta de imposto de renda da empresa na Dinamarca foi de US$ 2,3 bilhões (R$ 12 bilhões);
A avaliação de mercado da Novo Nordisk é de mais de US$ 570 bilhões (R$ 2,9 trilhões), maior do que a previsão do PIB dinamarques para 2024.
Em entrevista à Bloomberg, acadêmicos que acompanham o caso de sucesso da empresa ressaltam que sua a influência sobre o país deve aumentar conforme seu lucro crescer.
↳ Na política, autoridades consideram a perspectiva da Novo antes de tomar decisões sobre imigração ou infraestrutura.
↳ No mercado de trabalho, empresários reclamam que perdem funcionários para a companhia e seus salários altos.
Fator ou risco? Economistas traçam um paralelo entre o caso da farmacêutica com o chamado “risco Nokia”, referência à gigante finlandesa de telecomunicações cujo colapso, iniciado na primeira década dos anos 2000, arrastou toda a economia do país.
↳ “Se a Novo continuar sendo a maior parte do crescimento na economia dinamarquesa, então há um problema quando o fluxo de lucro da Novo Nordisk diminuir”, disse Herman Mark Schwartz, professor de política na Universidade da Virgínia que pesquisa pequenos países desproporcionalmente dependentes de empresas únicas. “E ele vai diminuir.”
Hoje, a Novo é a mais valiosa da Europa, superando o conglomerado de moda LVMH. A demanda pelo Ozempic, também chamado de “caneta emagrecedora” e apontado como aliado no tratamento da obesidade, explodiu em 2023.
Seu uso sem acompanhamento médico, porém, traz riscos, como mostramos aqui e nesta edição do podcast Café da Manhã.
IA e nuvem salvam
Os negócios envolvendo inteligência artificial continuam a ditar a performance das big techs. Microsoft, Google, Meta e Amazon apresentaram no fim do mês passado resultados melhores do que o esperado.
Entenda: as big techs que oferecem IA numa ponta e computação em nuvem na outra têm conquistado a confiança do mercado e mantido a tendência de alta. É o que fazem Microsoft, Nvidia, Google e Amazon, que conseguem lucrar com toda a cadeia produtiva da inteligência artificial, uma vez que vendem soluções e o poder computacional para colocá-las em ação.
↳ A Microsoft, por exemplo, viu a receita disparar 31%.
↳ A Nvidia, que divulga os resultados apenas no fim de maio, tem tido sucesso na Bolsa e promete mais um trimestre forte.
E a maçã? Os dados financeiros da Apple registraram queda de 10,5% nas vendas de iPhones. O tombo foi menor que o previsto pelo mercado, e a receita com serviços teve alta. No fim, o lucro caiu 2,1%.
As vendas mais fracas podem ser creditadas tanto a uma mudança de consumo na China em direção a marcas nacionais quanto ao baixo interesse do último iPhone 15.
Os celulares até tiveram atualizações consideráveis, mas que não estimularam tanto as trocas nos últimos meses.
Os papéis da fabricante do iPhone, entretanto, apresentaram alta nesta semana, sob influência de acordos anunciados pela Apple com Google e OpenAI para adicionar inteligência artificial aos seus dispositivos.
Para assistir
“Super-Ricos na Coreia” – estreia terça (7), na Netflix
Na onda de sucessos de produções sul-coreanas, a líder do streaming lança na próxima semana um reality show que acompanha multimilionários que escolheram o país para morar.
A produção acompanha a vida luxuosa e as extravagâncias de magnatas locais, mas também de estrangeiros: uma influencer árabe com 50 milhões de seguidores, um afortunado de Singapura, um italiano nascido em berço de ouro e uma herdeira da nobreza do Paquistão.
Não é só Round 6: os brasileiros têm um apreço especial por produções sul-coreanas, de acordo com a Netflix.
A plataforma afirma que 75% dos assinantes daqui assistem a conteúdos produzidos no país asiático.
No ano passado, 30 obras vindas de lá apareceram no ranking de mais vistos do Brasil.
Redação / Folhapress