SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Era 2003 quando um garoto de apenas 17 anos se mudou para um dormitório compartilhado em Londres e a peça final se encaixou para formar a banda inglesa McFly. “Desde então o mundo da música nunca mais foi o mesmo e, por isso, só podemos pedir desculpas”, diz a publicação em comemoração aos 20 anos do grupo.
A frase dá o tom do clima entre os quatro membros do McFly, Tom Fletcher, Danny Jones, Harry Judd e Douguie Poynter: descontraído, mas sem deixar de levar a música muito a sério. Nesta semana, o quarteto desembarcou em São Paulo para três shows no Brasil e recebeu o F5 para uma entrevista minutos antes de tomar o palco do Espaço Unimed, na quinta-feira (2).
“É incrível estar de volta ao Brasil, é como um grande feriado para nós”, diz o baterista Harry Judd. “Os fãs brasileiros nos mostram uma paixão que não vemos em nenhum outro lugar, cantam sempre muito alto, é sempre incrível”, completa o vocalista Tom Fletcher.
O grupo se apresentou no mesmo palco em 2022, após terem shows cancelados pela pandemia de Covid-19. Dois anos depois, chegam com uma setlist para promover o novo álbum “Power to Play”, lançado em 2023.
“Fazer um álbum é sempre uma catarse: começa com algo que te inspira em uma conversa e, depois do último álbum [“Young Dumb Thrills”, 2020], queríamos voltar a algo que fazíamos muito no começo: focar nos instrumentos, especialmente as guitarras”, diz Judd.
“Tínhamos músicas que gostávamos muito no último álbum, mas que não eram tão legais de performar ao vivo. Esse é um álbum que fizemos pensando na energia dos shows”, explica Fletcher.
A escolha foi certeira. Logo após a já tradicional entrada ao som de YMCA, a banda subiu aos palcos para performar “Where Did All The Guitars Go”, do novo álbum, e já levou o sentimento de catarse descrito por Judd ao público.
Sem deixar de lado as favoritas dos fãs, como “One for the Radio”, “Corrupted”, “Obviously”, “All About You”, “Too Close for Comfort”, “Star Girl” e “Five Colours in her Hair”, o McFly entregou solos de guitarra, bateria e vocais nas novas “God of Rock&Roll”, “Forevers Not Enough” e “Honey Im Home”.
Os fãs brasileiros puderam também ouvir pela primeira vez a música “Im Fine”, cantada inteiramente pelo baixista Douguie Poynter, e a primeira apresentação ao vivo do “McFresno” com “Broken by You”, um feat com a banda gaúcha Fresno que levou Lucas Silveira ao palco para dividir os vocais com Danny Jones.
Prestes a fazer aniversário de 21 anos da banda, Tom brinca: “Não gostamos dos outros dois”, se referindo a Danny e Douguie, que davam entrevista na sala ao lado. “Nós rimos o mesmo tanto que ríamos no começo, se não mais”, diz Judd entre sorrisos. “Nossa relação é bem mais madura hoje em dia.”
“Somos mais relaxados, menos reativos. À medida que a vida fora da banda ficou mais complexa, com família, filhos e outras coisas, nós crescemos muito. A banda é a nossa chance de nos divertirmos, escapar do mundo dos adultos”, completa Fletcher.
Perguntados sobre o gênero de música que tocam, eles dispensam rótulos. “Se você vir um show nosso hoje pela primeira vez, dirá que somos uma banda de rock. Mas na setlist temos muitas músicas de nossos outros álbuns que são mais pop. Talvez um pop-rock?”, tenta definir Judd.
“Eu não me importo muito com definições, acho que nós mesmos não sabemos exatamente. Estamos há mais de 20 anos tentando descobrir e acho que é isso que é divertido”, diz Fletcher. “McFly, 20 anos e nenhuma ideia do que estão fazendo”, decreta Judd.
McFly retorna aos palcos do Espaço Unimed nesta sexta-feira (3), às 21h. A banda também se apresenta no Rio de Janeiro, no QualiStage, no domingo (5) às 20h. Ingressos ainda estão disponíveis pela LivePass.
REBECA OLIVEIRA / Folhapress