FOLHAPRESS – Com o objetivo de dar protagonismo para profissionais que atuam por trás das câmeras das grandes produções cinematográficas, “O Dublê” coloca Ryan Gosling para explodir coisas, capotar carros e cair das alturas, enquanto faz piadinhas sobre a indústria do cinema e vive um romance com Emily Blunt.
Dirigido por David Leitch, que também já atuou como dublê e coordenador de dublês, o filme abusa da metalinguagem para homenagear esses profissionais que muitas vezes são subvalorizados e não recebem tanto reconhecimento quanto seus colegas. Em meio a essa ode a quem se arrisca em prol do êxito das produções, o diretor consegue mostrar mais detalhes dos bastidores de Hollywood e fazer o público rir ao tratar de particularidades da indústria.
Baseado na série Duro na Queda, que fez sucesso nos anos 1980, o filme conta a história de Colt Seavers (Gosling), um dublê de filmes de ação que decide abandonar a carreira após um acidente durante uma gravação. Com a mudança de vida ele também deixa para trás o relacionamento que estava construindo com a assistente de câmera Jody (Blunt).
Um tempo depois, Colt é convencido pela produtora Gail (Hannah Waddingham) a voltar para a indústria do cinema e trabalhar no primeiro filme de Jody como diretora. O que ele ainda não sabe é que Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson), o ator que protagoniza o longa, está desaparecido, e ele tem a missão de encontrá-lo e evitar que o filme de sua amada seja prejudicado.
A história se passa na Austrália, onde Jody grava seu filme de ação e romance entre uma alienígena e um caubói. As paisagens e pontos turísticos do país são bem aproveitados para trazer uma ambientação diferente do que estamos acostumados, além de tirar os personagens de suas zonas de conforto.
A proposta é um pouco batida e previsível, mas o roteiro sabe fazer humor com os exageros comuns nesse tipo de narrativa. Também é nas sequências de ação, muitas vezes vistas como exageradas no gênero, que o filme consegue dar o destaque prometido para o trabalho dos dublês.
O longa, com suas duas horas de duração, consegue prender a atenção do espectador pelo equilíbrio bem feito entre a comédia e a ação, e também pelo bom uso da trilha sonora animada e do exagero calculado na aplicação dos efeitos especiais.
O grande destaque de O Dublê fica com a atuação despretensiosa de Gosling, que usa o charme a seu favor e convence como o cara boa pinta que quer reconquistar a amada e ajudá-la a realizar o sonho de se tornar cineasta. A química entre os atores funciona bem e ajuda o público a torcer pelo sucesso do casal de protagonistas.
A dupla, inclusive, protagonizou uma cena divertida na cerimônia do Oscar deste ano, ao apresentarem uma homenagem para a comunidade de dublês de Hollywood. Os dois também estavam indicados nas categorias de coadjuvantes por suas atuações em “Barbie” e “Oppenheimer”, mas não venceram as estatuetas.
Outro ponto alto de “O Dublê” são as bem executadas cenas de luta e ação. Bastante criativas, visualmente impactantes e com um propósito narrativo na trama, elas fazem com que o filme se destaque em meio a tantas produções genéricas que são pura pancadaria, sem saber aonde pretendem chegar.
O ato final acaba sendo previsível, mas não menos emocionante. Mais uma vez, o diretor busca exibir o talento dos dublês, com longas sequências coreografadas, que exibem as habilidades desses profissionais e envolvem grande parte dos personagens da trama.
Um dos acertos do filme é aceitar que seu enredo é simples e não se levar muito a sério, conseguindo, assim, contar uma história bem amarrada com mocinhos e vilões cativantes.
“O Dublê” é o tipo de produção que vale a pena ser vista nos cinemas, já que onde os efeitos sonoros e visuais são parte importante para se contar essa história. O filme cumpre com êxito sua proposta de divertir o espectador ao longo das duas horas de sessão.
Como um bônus, vale acompanhar os créditos finais. A apresentação dos profissionais é bem-humorada e, mais uma vez, presta homenagens ao time de dublês e à equipe por trás das câmeras. Além disso, vale conferir a cena pós-crédito divertida e com participação especial que encerra a produção.
O DUBLÊ
Avaliação Muito bom
Quando Em cartaz nos cinemas
Classificação 14 anos
Elenco Emily Blunt, Ryan Gosling e Aaron Taylor-Johnson
Produção Estados Unidos, 2024
Direção David Leitch
ISAC GODINHO / Folhapress