Além de vídeo do MBL, gestão Tarcísio usa texto do Brasil Paralelo em material didático

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Além de um vídeo do MBL (Movimento Brasil Livre), a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) usou um texto do Brasil Paralelo como fonte de informações para o material didático digital que tem enviado às escolas estaduais de São Paulo.

Em uma aula de empreendedorismo para alunos do 3º ano do ensino médio, foi usado um texto do Brasil Paralelo que conta a história de Walt Disney como exemplo de resiliência.

A Brasil Paralelo é uma produtora de vídeos conservadora. Ela teve crescimento durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu conteúdo foi amplamente divulgado pelos filhos do ex-presidente.

A produtora ficou conhecida por vídeos como o “Pátria Educadora”, que responsabiliza a “influência esquerdista” e o educador Paulo Freire (1921-1997) pelos indicadores ruins da educação brasileira.

A Folha de S.Paulo procurou a Secretaria da Educação para comentar a aula com referência ao Brasil Paralelo, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

Na sexta-feira (3), a Folha de S.Paulo mostrou que outra aula produzida pela secretaria trazia um vídeo do MBL para ser usado em aulas de português com alunos do 2º ano do ensino médio.

Após a reportagem questionar o uso do material, a Secretaria da Educação disse que retirou o vídeo e abriu uma apuração preliminar sobre o caso, como noticiou a coluna Mônica Bergamo.

As aulas digitais foram criadas no ano passado pela gestão Tarcísio. Elas começaram a ser produzidas quando o secretário de Educação, o empresário Renato Feder, decidiu abrir mão dos livros didáticos impressos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

Na ocasião, ele alegou que produziria um material próprio porque os livros didáticos “perderam conteúdo, qualidade e estão superficiais”. Após uma série de críticas sobre a inviabilidade de se usar apenas o material digital e de diversos erros serem encontrados nas aulas produzidas pela secretaria, o governo Tarcísio anunciou um recuo parcial.

Foi decidido que São Paulo voltaria a aderir ao programa nacional para continuar recebendo os livros impressos, mas a produção e o envio de slides para serem usados nas aulas foi mantida.

Para o terceiro bimestre deste ano, o secretário testa outra mudança na produção das aulas digitais. Elas passarão a ser feitas por uma ferramenta de inteligência artificial, em vez de serem produzidas por professores.

Segundo o governo, os docentes depois serão responsáveis por editar o material e encaminhá-lo para uma equipe interna da secretaria, que fará a revisão final de aspectos linguísticos e formatação.

ISABELA PALHARES / Folhapress

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