SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A visita do primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, ao Brasil não serviu para o país asiático anunciar a abertura de seu mercado à carne brasileira, como queria Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas o líder japonês parece ter ouvido a dica do presidente e pelo menos foi jantar em uma churrascaria em São Paulo, antes de embarcar de volta para casa.
Foi, porém, sem fazer alarde. O jantar na churrascaria não foi nem sequer divulgado entre os compromissos oficiais de Kishida, que teve uma extensa agenda na capital paulista no sábado (4), com passagens por locais como o bairro da Liberdade, o parque Ibirapuera, o centro cultural Japan House e a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Na sexta-feira (3), depois de se reunir com o premiê japonês em Brasília, Lula disse a jornalistas, em tom de brincadeira, que pediu ao vice-presidente Geraldo Alckmin para levar Kishida para comer carne.
“Se estiver em São Paulo, Alckmin, por favor, leve o primeiro-ministro Fumio para comer um churrasco no melhor restaurante de São Paulo, para que na semana seguinte comece a importar nossa carne, para poder gerar desenvolvimento”, disse Lula na ocasião.
Kishida, por sua vez, não mencionou o assunto em seus discursos. E a lista de compromissos oficiais na capital paulista divulgou apenas um almoço, na Liberdade, em que foi servido um prato de vieiras da província de Hokkaido.
A demanda brasileira pela abertura do mercado japonês para o produto dura quase 20 anos. Os principais fornecedores de carne bovina ao Japão atualmente são os Estados Unidos e a Austrália.
Na noite de sábado, Kishida foi ao restaurante NB Steak da alameda Santos, depois de discursar em um fórum empresarial, que aconteceu a poucas quadras dali, e encerrar sua agenda pública no país.
Ele estava acompanhado de um grupo de empresários japoneses, alguns deles já clientes antigos da casa, que ocuparam um salão reservado, segundo Arri Coser, sócio do NB Steak.
Newsletter Lá fora Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo *** Para os negócios de Coser, que também foi dono da rede Fogo de Chão, a visita do premiê japonês foi produtiva sob o ponto de vista do marketing. “Ele escutou o presidente e veio experimentar o melhor de São Paulo. Estou torcendo [pela abertura do mercado]. O Brasil tem que estar em todos os cantos do mundo. Nós somos grandes produtores e exportadores”, disse. Segundo Coser, a reserva foi feita no mesmo dia.
Procurada pela Folha de S.Paulo, a assessoria do consulado japonês disse que a visita à churrascaria já estava planejada e confirmou que o primeiro-ministro gostou da carne.
JOANA CUNHA / Folhapress