Jogadores, surfistas e voluntários se tornam braço do Estado nos resgates em enchentes no RS

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Jogadores de futebol, surfistas profissionais e voluntários se tornaram uma espécie de braço do Estado no trabalho de resgate de pessoas que ficaram isoladas em suas casas nas enchentes que já mataram ao menos 95 pessoas no Rio Grande do Sul.

A Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e as Forças Armadas não têm sido suficientes para salvar todos atingidos pela tragédia ambiental. Algumas pessoas chegaram a esperar por socorro por três dias sobre os telhados.

A mobilização nas cidades mais prejudicadas envolveu grupos de amigos, que, em muitos casos, tem se organizado por conta própria para buscar quem ficou ilhado enquanto os alagamentos avançam.

Donos de jet skis e embarcações doaram os equipamentos para os trabalhos. Em alguns casos, diante da falta de material adequado, alguns voluntários usaram pranchas de surfe para resgatar pessoas ilhadas

Grupos de proprietários de carros com tração nas quatro rodas também se reuniram para acessar locais alagados e ajudar nos resgates.

O empresário Fernando Peressuti, que mora no Rio de Janeiro e é de São Leopoldo (RS), voltou para a terra natal a fim de ajudar os atingidos pelas enchentes. Ele tem uma empresa de surfe e fez resgates em uma prancha nas enchentes. Ruas que nunca tiveram alagamentos severos ficaram com mais de dois metros de água.

“O stand up paddle era a única locomoção ao nosso alcance. É tudo muito triste. Nossa cidade tem 240 mil habitantes, e 180 mil foram atingidos”, disse.

Nos últimos dias, diversas imagens de jogadores de futebol famosos atuando no trabalho de resgate circularam nas redes sociais. O centroavante do Grêmio Diego Costa, que tem passagem por alguns dos principais clubes da Europa, por exemplo, cedeu quatro motos aquáticas em Eldorado do Sul, cidade que tem 40 mil habitantes e onde 30 mil ficaram desalojados.

O ex-lateral-direito e campeão da Libertadores pelo Grêmio em 2017 Edilson Guimarães seguiu a mesma linha, e pessoas que foram salvas por ele publicaram agradecimentos nas redes sociais.

“Estava desesperado para resgatar meus pais e chegou o Edilson, nosso lateral campeão da América, com vários amigos e jet skis. Pedi pra ele me ajudar e ele prontamente se disponibilizou. Mandaram os jet skis e trouxeram meus pais e minha cadela. Gratidão eterna!”, escreveu nas redes sociais um dos atendidos.

O goleiro titular do Internacional Sergio Rochet foi ao Centro Social Padre Leonardi, área pobre de Porto Alegre, para doar 40 cestas básicas e 40 kits de material de limpeza. Ele também ofereceu ajuda aos voluntários com a preparação de refeições.

“Trouxemos alimentos e vim dar meu apoio. Além de prover ajuda econômica, é importante estar presente e mostrar que estamos disponíveis para ajudar. Muitas pessoas precisam de apoio, de ouvir palavras de conforto e compartilhar suas dificuldades”, afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha.

O goleiro Caíque, do Grêmio, também assumiu a linha de frente da ajuda aos atingidos. Imagens nas redes sociais mostram o atleta em uma embarcação resgatando pessoas que estavam em um prédio envolto por água.

O técnico do Grêmio, Renato Portaluppi, foi resgatado no hotel em que mora e que estava no meio do alagamento. Ele também incentivou doações em publicações nas redes sociais.

“Ajude as famílias afetadas pela chuva. Compareça aos locais indicados pelo clube e faça sua doação. Estamos precisando bastante. Contribua!”

Os surfistas profissionais Pedro Scooby e Lucas Chumbo saíram do Rio de Janeiro no domingo (5) com amigos e algumas motos aquáticas no reboque para ajudar nos resgates. Chegaram ao Rio Grande do Sul na segunda-feira (6) e seguem atuando no resgate de pessoas ilhadas.

“Reunimos os melhores pilotos do Rio. Só gente casca grossa, que pilota jet ski, pilota barco. Estamos levando jet skis rumo ao Sul. Tomara que a gente consiga chegar a tempo de ajudar. É o mínimo que a gente pode fazer”, afirmou Scooby em publicação nas redes sociais no início da viagem.

O jurista Aury Lopes Júnior, um dos mais citados em votos de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), também participa dos resgates. “Não tem como descrever. Cenário de guerra”, escreveu nas redes sociais.

MATHEUS TEIXEIRA / Folhapress

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