PF prende major da PM e ex-assessor de Domingos Brazão

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal cumpriu dois mandados de prisão preventiva nesta quinta-feira (9) contra suspeitos de envolvimento nas mortes da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista, Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves, em março de 2018.

O policial militar Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixão, ex-assessor de Domingos Brazão no TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado), foi preso no Rio de Janeiro. O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, conhecido como Major Ronald, já cumpria pena no presídio federal de Campo Grande (MS).

Peixão já tinha sido alvo de busca e apreensão no dia 24 de março, quando a PF prendeu o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

A reportagem ligou para o escritório de advocacia que atua na defesa de Ronald Paulo Alves Pereira, mas não houve retorno até a publicação deste texto. A defesa de Robson Calixto Fonseca não foi encontrada pela reportagem na manhã desta quinta.

Os mandados de prisão foram expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal) após requerimento da PGR (Procuradoria-Geral da República).

A Procuradoria apresentou denúncia, na terça-feira (7), contra Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa. Eles foram presos pela Polícia Federal sob suspeita de mandar assassinar Marielle. A denúncia será analisada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.

Desde 2018 havia suspeitas sobre Domingos Brazão no caso. Pessoas ligadas ao conselheiro foram acusadas de tentar atrapalhar as investigações com uma falsa testemunha.

Robson Calixto Fonseca, o Peixão, foi assessor de Domingos Brazão durante mandato na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e depois como conselheiro no TCE-RJ. Peixão foi, segundo a delação de Ronnie Lessa, o responsável por intermediar o encontro dele e Edmilson de Oliveira, o Macalé, com os irmãos Brazão, no qual a morte da vereadora teria sido encomendada. A informação consta no relatório da PF que baseou as prisões.

Peixão também foi o responsável, de acordo com Lessa, por buscar a submetralhadora usada no crime, junto com Macalé, na favela Rio das Pedras, área de atuação da família Brazão. O assessor do conselheiro também participou, segundo a colaboração, da devolução da arma e do descarte das munições num córrego da comunidade.

Já Ronald Paulo Alves Pereira é mencionado em relação de Ronnie Lessa como envolvido em parte do monitoramento sobre a vereadora dias antes do crime e teria sido o responsável por avisá-lo do evento de Marielle na Casa das Pretas, que antecedeu o assassinato.

“De acordo com Ronnie Lessa, naquela oportunidade, por volta do meio-dia, ele recebeu uma ligação de Macalé, por meio da qual ele revelou que recebera uma ligação oriunda do terminal [telefônico] vinculado a Laerte. Todavia, ao atender o telefone, Macalé se surpreendeu ao constatar que o interlocutor, na verdade, era Ronald Paulo Alves Pereira, vulgo Major Ronald. Em que pese isso, Macalé indicou a Lessa que Ronald lhe passara a informação de que na noite daquele dia haveria o evento na Casa das Pretas e que Marielle Franco estaria presente.”

Em março, a então defesa de Ronald disse que o cliente realizava um curso da Polícia Militar e que por isso sua antena estava próximo ao local. A informação foi analisada e confirmada em investigação sobre os executores do crime na Polícia Civil, que chegou a chamar o oficial para prestar depoimento.

A defesa de Domingos Brazão afirmou, no momento da prisão, que ele não tem qualquer ligação com o caso da morte da vereadora e que “delações não devem ser tratadas como verdade absoluta”.

Já Chiquinho Brazão, afirmou em 26 de março, que tinha “ótima relação” com Marielle quando era vereador e minimizou a divergência apontada pela PF em relação a um projeto dele para flexibilizar regras de regularização de terras no Rio.

A defesa do delegado Rivaldo Barbosa nega qualquer envolvimento dele com o crime e declara ter certeza de sua inocência.

YURI EIRAS / Folhapress

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