Em tendência de baixa, inundação no RS pode voltar a subir com novas chuvas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após os temporais que elevaram a níveis recordes os rios Taquari, Caí, Jacuí e Sinos na semana passada, o período de estiagem diminuiu o volume das águas dessas bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul, favorecendo o resgate dos desabrigados.

No entanto, a calmaria pode estar precedendo nova tempestade a partir desta sexta-feira (10), quando chega à região outra frente fria com previsão de precipitação capaz de elevar novamente o nível dos rios.

Na região metropolitana de Porto Alegre, o lago Guaíba também está em tendência de baixa, mas ainda inunda grande parte da cidade. Às 18h15 desta quinta (9), o nível estava em 4,86 m no Cais Mauá, segundo o monitoramento da ANA (Agência Nacional de Águas), quando a cota de inundação é de 3 m.

A explicação para a lenta baixa das águas tem a ver com a topografia do lago Guaíba e também da lagoa dos Patos, à qual está ligado. Além de receber todo o volume dos rios da região, o escoamento rumo ao mar ocorre do outro lado da lagoa dos Patos, a cerca de 200 km da capital.

Stéfano Boeira, hidrólogo da Sala de Situação da Sema (Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura) do Rio Grande do Sul, explica que o lago Guaíba, que é chamado de rio pelos gaúchos, se destaca por ter comportamento tanto de rio como de lago. Por isso, não há consenso entre os especialistas.

“A questão é que o Guaíba, assim como a laguna dos Patos, não tem sentido de fluxo único. O fluxo depende de vários fatores, como o impacto dos ventos sobre as águas. Quando o vento sul-sudeste, ou sudoeste, sopra, existe um represamento dessas águas, dificultando o escoamento. Os ventos ‘param’, entre aspas, o escoamento. Por isso, é difícil estimar quanto tempo demorará para ocorrer o escoamento”, afirma Boeira.

A dimensão da lagoa também dificulta prever o impacto que as águas represadas no lago Guaíba terá até desaguar no mar, no município de Rio Grande. A prefeitura do município do sul gaúcho tem monitorado pelo menos três vezes por dia o nível da lagoa. Por volta das 14h desta quinta, o nível estava 1,03 m acima do normal, o que já começava a inundar as partes mais baixas da cidade.

O hidrólogo alerta que, apesar da tendência de declínio do Guaíba, o aporte de chuvas e os ventos que represem a embocadura devem favorecer nova elevação dos níveis. Quanto vai ser? Só os monitoramentos conseguirão responder. Por isso, a Defesa Civil pede que os residentes de regiões mais baixas procurem abrigo antes de a enchente chegar.

Esse monitoramento é feito pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que possui um sistema de alertas de cinco fases, dependendo da tendência das águas:

Cota de Inundação Severa (cor roxa): Cota em que a inundação provoca danos severos ao município; Cota de Inundação (vermelho): Cota em que o primeiro dano é observado no município; Cota de Alerta (laranja): Possibilidade elevada de ocorrência de inundação; Cota de Atenção (atenção): Possibilidade moderada de ocorrência de inundação. Nesta quinta, por exemplo, os pontos em vermelho ocupavam o vale do Baixo Jacuí, a Grande Porto Alegre e toda a extensão da lagoa dos Patos, além da bacia do rio Uruguai, na divisa com a Argentina. Enquanto isso, os demais rios demonstravam níveis normais ou de atenção.

Nos próximos dias, esse cenário pode mudar, ressurgindo as cotas de inundação, enfatiza a Defesa Civil gaúcha.

CLAUDINEI QUEIROZ / Folhapress

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