Israel cerca leste de Rafah após fracasso em negociar cessar-fogo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Israel cercou o leste de Rafah e bombardeou três cidades da Faixa de Gaza na madrugada desta sexta-feira (10), após as delegações de Tel Aviv e do Hamas, em conflito há sete meses no território palestino, abandonarem as negociações no Cairo sem alcançar um cessar-fogo.

Segundo a agência AFP, houve disparos de artilharia israelense em Rafah, e testemunhas relataram bombardeios na Cidade de Gaza e em Jabalia, no norte do território.

Tel Aviv continua a avançar no sul de Gaza, a despeito de temores internacionais de um agravamento da crise humanitária decorrente dessa operação militar. Nesta sexta, tanques israelenses passaram a controlar a estrada principal que divide as metades leste e oeste de Rafah, cercando efetivamente toda a parte ocidental da cidade, que se tornou o último refúgio da guerra para cerca de 1,5 milhão de palestinos.

Moradores descreveram explosões e tiroteios quase constantes a leste e nordeste da cidade, com intensos combates entre as forças israelenses e terroristas do Hamas. A facção disse ainda ter feito uma emboscada contra tanques israelenses perto de uma mesquita que fica próxima à área urbana, em um sinal de que Tel Aviv chegou perto de regiões mais povoadas.

“Nenhuma parte de Rafah é segura, projéteis de tanque caíram por toda parte desde ontem”, disse Abu Hassan, morador de Tel al-Sultan, a oeste da cidade, à agência de notícias Reuters. “Estou tentando sair, mas não posso pagar 2.000 shekels (mais de R$ 2.700) para comprar uma tenda para minha família.”

O Exército israelense afirmou que suas forças no leste de Rafah localizaram vários túneis que seriam usados pelo Hamas e que suas tropas mataram integrantes do grupo terrorista.

Israel já havia começado o cerco do leste de Rafah pelo sul, quando capturou e fechou a única passagem entre o território e o Egito na última terça-feira (7). O avanço desta sexta até a estrada Salah al-Din, que corta a Faixa de Gaza, completou o cerco da chamada “zona vermelha”.

Na última segunda (6), Israel orientou que essa parte da cidade fosse esvaziada para uma ofensiva terrestre. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima em 100 mil o número de pessoas que já deixaram Rafah, enquanto o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês) calcula que a cifra supera os 110 mil.

O diretor do Ocha para Gaza, Georgios Petropoulos, afirmou que a situação no território atingiu um nível de “emergência sem precedentes”. “Quase 30 mil pessoas fogem da cidade a cada dia”, diz ele. “A maioria dessas pessoas já teve que se deslocar cinco ou seis vezes.”

Segundo o escritório, nenhum caminhão com ajuda humanitária entra no território desde segunda-feira (6), um dia depois de Israel fechar a passagem de Kerem Shalom, no sul de Gaza, após um ataque do Hamas no local matar quatro soldados israelenses. Com a tomada do posto de Rafah na terça, apenas uma via —a de Erez, no norte— permaneceu aberta.

A ofensiva do grupo terrorista em Kerem Shalom enterrou as negociações por uma trégua. Nesta sexta, o Hamas disse que os esforços para chegar a um cessar-fogo estavam de volta ao ponto de partida depois que Israel rejeitou uma proposta que o grupo havia aceitado, na última segunda.

“À luz do comportamento de Netanyahu, da rejeição do documento dos mediadores, do ataque a Rafah e da ocupação da passagem, a liderança do movimento realizará consultas com líderes irmãos das facções palestinas para revisar nossa estratégia de negociação”, afirmou o Hamas, citando o premiê israelense, Binyamin Netanyahu.

Redação / Folhapress

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