SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A cidade de Bauru, no interior paulista, entrou em estado de emergência por falta de água. A escassez de chuvas e a consequente baixa no volume de água do rio Batalha foi o motivo do pedido, publicado em edição extra do Diário Oficial na última quinta-feira. A situação se agrava pela falta de chuvas na previsão para as próximas semanas.
O rio Batalha está com 1,74 metro de água e o ideal é que o nível esteja em 3,20 metros. A lagoa de captação está com 2,53 metros, 67 centímetros abaixo do ideal. O estado de emergência foi declarado para 60 dias e pode ser renovado caso seja necessário.
Com o racionamento, a área da cidade abastecida pelo rio foi dividida em três regiões e cada uma delas terá abastecimento por um dia, e torneiras vazias nos dois dias seguintes. Atualmente, em torno de 26% da população é abastecida pela água com origem do rio. Os demais moradores recebem água dos aquíferos Guarani e Bauru, captada por meio de poços.
Pelos cálculos do DAE, a divisão da área abastecida é suficiente para garantir a estabilidade do rio. Ou seja, não coloca em risco, no momento, de obrigar a uma medida mais drástica. A situação pode se agravar com a persistência da estiagem.
A dependência da água do rio tem sido reduzida ao longo dos últimos anos. Além do rodízio, a medida inclui a utilização de sete caminhões-pipas contratados para as regiões em que o abastecimento será interrompido.
A medida autoriza o DAE a usar a água de poços e de represamentos privados, urbanos ou rurais para o abastecimento da cidade, além de fazer contratações emergenciais para as obras necessárias para a integração dos sistemas que vai garantir mais água para o abastecimento público.
Segundo o presidente do DAE, Leandro Dias Joaquim, Bauru tem água suficiente para garantir o fornecimento para toda a população por conta dos aquíferos. O problema está em integrar todos os sistemas de captação para garantir a distribuição. “Alguns poços mais antigos sofreram com uma conformação geológica que reduziu sua capacidade”, explica.
A maioria desses poços é em áreas urbanas. Construções irregulares ou autorizadas sem os devidos cuidados ambientais também provocaram a perda de quantidade de água em alguns poços.
A emergência será usada para adquirir bombas com maior capacidade de captação e fazer a interligação dos poços. “Existem muitos poços privados ou de outras redes públicas com bombas de alta capacidade e que trabalham uma ou duas horas por dia apenas”, cita.
Ele aponta como exemplos condomínios comerciais, industriais e residenciais que tiveram como contrapartida para a liberação da obra a construção de poços que poderiam ser usados também pela rede pública. Entre os públicos, um exemplo é o do Instituto Penal Agrícola, que produz toda a água que necessita por dia com duas horas de atividade.
LEONARDO FUHRMANN / Folhapress