SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A área do 23° Distrito Policial, em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, registrou recorde de roubos e furtos no primeiro trimestre deste ano.
A delegacia é responsável por investigar crimes que acontecem no entorno do Allianz Parque e no interior e na parte externa da estação de metrô Palmeiras-Barra Funda, pontos de grande circulação de pessoas.
Foram 749 queixas de roubo, quando há uso de violência ou ameaça com arma nos primeiros três meses do ano. A quantidade é 21% superior aos 621 casos em igual período de 2023.
Em mais de duas décadas, ou seja, desde o início da série histórica em 2002, é a primeira vez que as notificações passam de 700 apontamentos.
Outro crime que tem assustado os moradores da região são os furtos, quando não há violência. Foram contabilizadas 2.711 queixas no primeiro trimestre ante 2.274 casos em igual período de 2023, alta de 19%. A soma também é a maior vista desde o início da série histórica.
Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública), da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que as polícias paulistas estão direcionando recursos para combater a criminalidade em toda a capital e que o policiamento é constantemente reorientado, com base no registro das ocorrências, que mapeiam as áreas com maior incidência criminal e denúncias da população.
Como justificativa para o aumento, a pasta explicou que o 23º DP abrange locais que fizeram parte do circuito dos megablocos de Carnaval, o que resultou em uma maior circulação de pessoas. “O DP também recebe todas as ocorrências do terminal Barra Funda, que é um local por onde passam pessoas de todas as regiões diariamente.”
Diante do crescimento no número de crimes, moradores têm buscado a união para combater a criminalidade. Houve a criação de grupos, cujas lideranças mantêm encontros com representantes dos poderes estadual e municipal na tentativa de buscar soluções para os problemas.
O celular é um dos objetos mais visados pelos bandidos, que agem em motos ou bicicletas.
Um morador, cuja família vive no bairro há cinco gerações, afirmou nunca ter presenciado um momento de insegurança como o atual.
Ele, que pediu para não ser identificado, disse que a situação tem impactado a vida das pessoas, incluindo o lado emocional. Além disso, segundo eles, as empresas da região estão perdendo clientes devido ao medo que as pessoas sentem de transitar pelo bairro, sobretudo à noite.
Outra moradora, que está entre as lideranças de um dos grupos, disse que o bairro sempre foi muito seguro, mas que, da pandemia para cá, piorou, principalmente no último ano. De acordo com ela, que também preferiu não se identificar, a polícia prende, os criminosos vão para delegacia, no outro dia o Judiciário solta e eles voltam a atacar na mesma região.
Alguns dos suspeitos, de acordo com ela, já são até conhecidos por moradores. Eles fariam parte de grupos conhecidos como a gangue da bike.
A mulher ainda afirmou que os moradores da região estão descrentes que nem se dirigem mais às delegacias para fazer boletim de ocorrência.
Na nota encaminhada para a reportagem, a SSP disse que na 3ª Delegacia Seccional, responsável pela área citada pela reportagem, os roubos apresentaram queda de 10,5% e os furtos de 0,8% no primeiro trimestre de 2024 em comparação ao mesmo período do ano anterior.
“Entre os meses de janeiro e março, 1.391 infratores foram presos ou apreendidos e 172 armas de fogo foram retiradas das ruas”, acrescentou a pasta.
A pasta afirmou ainda que as ocorrências elaboradas pela Delpom (delegacia do metrô) na estação Palmeira-Barra Funda são contabilizadas nas estatísticas como área do 23º DP.
PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress